Praia Dura - Depois da ponte, o Morro do Pinhão (Arquivo JRS) |
Hoje, continuando no livro do Justo Arouca (Ubatuba - onde a lua nasce mais bonita), iremos nos deparar com o maior desafio na construção da rodovia que liga os municípios de Ubatuba e Caraguatatuba, cujo início se deu em 1948.
A luta mais sofrida da estrada foi vencer a serra do Pinhão, entre a Praia Dura e o Lázaro. Daí até o bairro da Enseada levou quase três anos de trabalho duro. Esse pedaço de tempo dá a exata dimensão da abnegação dos rodoviários nessa jornada heroica. Em setembro de 1952 os serviços tinham apenas chegado ao Rio Escuro. O empenho da equipe de obras contando apenas com equipamentos rudimentares, basicamente sustentados por carrocinhas puxadas a burro. Exigiam muito esforço braçal dois compressores de ar comprimido para funcionar marteletes que furavam pedras e dinamites a explodir rochas gigantes. Para derrubar e arrastar grandes toras de árvores foi preciso braços fortes e um sonho extraordinário. Enquanto isso o pessoal de obras-de-arte preparava a estrutura da ponte provisória sobre o Rio Escuro, suficientemente robusta para a travessia de um pequeno trator de esteiras, e passagem para outros veículos. Havia pressa em alargar a picada para que o trator e caminhões pudessem empurrar pedras e madeiras ladeira abaixo; dar meios à estabilização do leito primário, pelo menos precariamente. O primeiro traçado, ainda hoje visível pelas marcas aparentes, era bem mais longo, razão da busca apressada pelo fim dessa etapa. Um pouco à frente uma outra luta, no mais rigoroso sentido do termo: a costeira do Lamberto, porém menos extensa que o morro do Pinhão. Haveriam de ser rebentadas muitas rochas, mas o ressoar da leve agitação da maré e o cenário azul que buscava, ao longe, a silhueta da Ilha dos Porcos, atual Ilha Anchieta, suavizava todos os padecimentos físico das obras sob árvores. Estávamos em meados do ano de 1955. Neste tempo a utilização das carrocinhas ficou para a história. Os burrinhos, finalmente, foram levados a gozar merecida aposentadoria, numa pastagem deliciosamente verde.
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