terça-feira, 31 de maio de 2016

A SALGA

Olha o rio Acaraú aí gente! (Arquivo Igawa)
           
Já estamos funcionando! (Arquivo Igawa)

 O Sr. Igawa nunca morou em Ubatuba. Quando estava na cidade, ficava hospedado no Hotel Ubá, que se localizava, creio eu, no começo da rua Tomás Galhardo. No terreno adquirido, local da futura salga, ainda estava amontoados alguns trilhos da ferrovia prevista para o final do século XIX, provando que aquela cabeceira de ponte, a mesma que sustenta o tráfego até hoje, é a original (projetada para receber os trilhos, no final do período imperial).
           No auge da pesca, entre 1977 e 1980, a empresa contratava em torno de cinquenta funcionários, sendo a maioria composta por mulheres.

          “Foi quando tínhamos duas traineiras: Atalaia e Aladim”. O Nelson comentou alguns fatos: 1º) “Dava trabalho registrar funcionários porque a maioria não tinha documento de nascimento. Foi preciso, de vez em quando, fazer uma espécie de mutirão, embarcar uma quantidade no caminhão e rumar até o cartório a fim de fazer as certidões. Nessas ocasiões, se apelava aos taxistas da praça para servirem de testemunhas”. 2º) “Numa ocasião, ao ir buscar peixe no caisão, um motorista nosso deixou o carro desengatado e desceu enquanto aguardava a sua vez de carregar. De repente, o caminhão novinho estava dentro do mar. Não tinha guincho naquele tempo. O jeito foi arrastar por dentro da água até a praia. Desconfio que as traineiras  rebocaram o veículo”. 3º) Ainda hoje temos dois postes de ferro fundido no camping,  são os antigos trilhos, que servem para sustentar fios elétricos. 4º) “Uma vez por ano, o meu pai trazia um pessoal de São Paulo para catar sapinhauá na praia do Itaguá. Tinha demais!”. 5º) “Uma edificação começada por meu pai, na divisa com o Scongelo, mesmo antes de estar terminada, foi vendida ao dono da concessionária Volkswagen de Taubaté. Mais tarde abrigou a  escola  Era uma vez”.

                                                  Salga. 
                Conforme podemos ver, em julho de 1959, o Sr. Igawa se anuncia como comprador de peixes.

         As sardinhas descarregadas no cais do porto eram trazidas de caminhão para a salga e imediatamente colocadas nos grandes tanques com sal grosso e aí ficavam por um tempo determinado de “cura”; depois eram retiradas, prensadas e embaladas em caixetas. Estavam prontas para serem enviadas para os atacadistas de São Paulo e do nordeste brasileiro que por sua vez distribuíam pelos rincões afora (pelo fato de serem muito salgadas não necessitavam refrigeração. Portanto muito úteis em locais sem energia elétrica).

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