No nosso quintal (Arquivo JRS) |
Já postei em outra ocasião sobre Odilon, um colega de obra, mais conhecido por "Satanás". Quando isso? Ah, o tempo está longe, final da década de 1970! A obra era a construção de um condomínio na Praia do Perequê-mirim (Ubatuba), cujo nome até hoje é Casa Grande, onde era o sítio da querida Dona Belinha. Guardo boas lembranças daquele pessoal, quase todos nordestinos e "pião de trecho" (quem roda o mundo vivendo pelos barracos onde as construções estão acontecendo). Além do "Satanás", outros que se destacavam: "Zé do Quepe", "Dito Preto", "Capoeira Ipatinga", "Nolasco", "Dito Pinguinha", "Pó de arroz" e "Sapato Branco".
"Satanás", acho eu, tinha este apelido porque, além de muito feio, não gostava de tomar banho e era viciado em cocaína. Natural da Paraíba, tinha um coração de ouro, era amigo de todos e sempre puxava um bom papo. Difícil mesmo era só ter de aguentar aquele aroma desagradável que lhe era característico. Sempre, para mim, a sua fala carinhosa era: "Você é gente boa, Zezinho".
"Zé do Quepe", o vigia do canteiro de obras, natural do Rio Grande do Norte, era muito espirituoso. Numa ocasião, depois de vários meses, quando os prédios já se encontravam em fase de acabamento, quando eu e mais três ou quatro retiravam pregos de caixarias, ele chegou espalhafatoso anunciando o primeiro milagre realizado pelo "Irmão Venâncio", na igreja que ficava na rua que vai para o Sertão, perto do Dito "Pijeca": "Satanás se libertou, piãozada! Agora está tomando banho e não usa mais cocaína!". Pensei na hora: "Isso não é verdade". Mais tarde pude constatar que era mesmo. Foi uma alegria para todos, pois o cidadão estava muito melhor!
Na semana seguinte, novamente o nosso vigia chegou desafiando: "Satanás agora está numa boa, né? Qual é a moral que podemos tirar disso tudo, piãozada?". Vários foram falando: "Nunca é tarde para se converter", "Pião bom é pião cheiroso", "O Velho Odilon nunca mais será o mesmo", "Quem gosta da gente é a gente mesmo" etc. Mas a melhor mesmo foi a frase do próprio José Bezerra Sobrinho, o nosso "Zé do Quepe", a verdadeira pérola:
"Agora, para nós, Satanás não fede e nem cheira".
"Zé do Quepe", o vigia do canteiro de obras, natural do Rio Grande do Norte, era muito espirituoso. Numa ocasião, depois de vários meses, quando os prédios já se encontravam em fase de acabamento, quando eu e mais três ou quatro retiravam pregos de caixarias, ele chegou espalhafatoso anunciando o primeiro milagre realizado pelo "Irmão Venâncio", na igreja que ficava na rua que vai para o Sertão, perto do Dito "Pijeca": "Satanás se libertou, piãozada! Agora está tomando banho e não usa mais cocaína!". Pensei na hora: "Isso não é verdade". Mais tarde pude constatar que era mesmo. Foi uma alegria para todos, pois o cidadão estava muito melhor!
Na semana seguinte, novamente o nosso vigia chegou desafiando: "Satanás agora está numa boa, né? Qual é a moral que podemos tirar disso tudo, piãozada?". Vários foram falando: "Nunca é tarde para se converter", "Pião bom é pião cheiroso", "O Velho Odilon nunca mais será o mesmo", "Quem gosta da gente é a gente mesmo" etc. Mas a melhor mesmo foi a frase do próprio José Bezerra Sobrinho, o nosso "Zé do Quepe", a verdadeira pérola:
"Agora, para nós, Satanás não fede e nem cheira".
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