Restou isso de um poste (Arquivo Clóvis) |
O nosso grupo (Arquivo Clóvis) |
Há
quase trinta anos, quando eu comentava com a saudosa Dona Maria Balio que
estivera na Justa, partindo da margem do Quiririm, cujo balseiro ainda era o
Tio Dico, ela perguntou: “E você viu onde
funcionava o telégrafo?”.
Lógico
que eu havia visto as ruínas, onde tinha funcionado o último posto telegráfico
de Ubatuba! Dali, cruzando as terras do Altivo, do Dito Custódio e outros, passando
pelo Sertão do Pasto Grande, pelo terreiro do Mané Grande, grimpando pelo bananal do Lacerda, a linha
plantada em postes de ferro ganhava o Estado do Rio de Janeiro. Satisfeita pela
minha resposta, a Dona Maria esclareceu: “O
meu pai trabalhava lá, tendo sido mais tarde transferido para o posto
telegráfico do Sapê. Eu nasci na Justa. Ali está enterrado o meu umbigo”.
Em 1990, um
japonês cultivava mexilhão na Justa. Eu fiquei encantado porque jamais tinha
imaginado aquilo. Naquela ocasião, no caminho
de servidão, passando pelo morro onde o Tio Durval e a Tia Belinha tinham seus
roçados, ainda encontrei três postes de ferro da antiga linha telegráfica.
Estava num sapezal, seguido de mata rala que se reconstituía. O meu primo
Giovani, do Sapê, era o meu parceiro de caminhadas. Tenho uma fotografia dele
no caminho, no meio de um milharal. Coisa que continua tendo fartamente:
capim-navalha.
Dias
atrás, ao me encontrar com o Roberto Ferrero, logo escutei: “Legal as fotos da trilha, né Zé? Eu já
estive muitas vezes no Puruba, ali na barra, mas nunca soube da Trilha do
Telégrafo”. Pois é! Penso que é preciso conhecer, amar e defender tantos
espaços de energia positiva que ainda temos. Por esse caminho de servidão, na
década de 1960, além do passa-passa da caiçarada, ainda trafegava um carro de
boi. Ele ia do canto do Puruba até a Justa, carregado de caxeta, onde acontecia
o embarque. Testemunhou o Antônio Alexandre: “O Guelo Fileto era o condutor do carro puxado por dois bois. A fábrica
era do Espanhol; só beneficiava caxeta tirada desse rio acima, dessa mata
alagada por aí”.
Os postes
sumiram... ficaram as histórias:
“Na encosta do primeiro morro – entre a
Praia do Puruba e a Prainha do Ubatumirim – Sidônio, caiçara-pescador, foi
surpreendido com a invasão se sessenta e um homens armados à sua modesta
choupana recoberta de sapé. Aturdido atendeu às exigências dos bandoleiros
visitantes.
- Qual a cidade
mais próxima aqui para cima? – Perguntou Lino.
- É Parati –
informou assustado Sidônio.
- Grande?
- Num é cidade
grande cumo Ubatuba, não.
- Muito bem –
interpôs-se Ferreira – E quanto tempo demora para chegar a pé?
O caiçara passou a
pensar, mexia o corpo, receoso de errar:
- Se subé toma o
ataio do telefone, mais de cinco léguas”. (do livro Joatão e a Ilha)
Um toco de um desses postes restou como prova.
E o mano Clóvis fotografou.
Maravilha José Rolado! Isso sim é saber das coisas caiçaras!Parabens Amigo Caiçara Purão e obrigado por guardar tão bem a nossa cultura caiçara. deus Te Abençoe.
ResponderExcluirJosé Ronaldo, parabéns pela informação, você um mapa da região ou mais dicas para quem quiser fazer esta trilha? soube que a prova de aventura Extreme 21K, passou por esta trilha este fim de semana e gostaria de divulgar este percurso em meu site: www.curiosidadesdeubatuba.com.br , aliás se você quiser contribuir com material será muito bem vindo também. Abs., Edson Conti
ResponderExcluirJosé Ronaldo, parabéns pela informação, você um mapa da região ou mais dicas para quem quiser fazer esta trilha? soube que a prova de aventura Extreme 21K, passou por esta trilha este fim de semana e gostaria de divulgar este percurso em meu site: www.curiosidadesdeubatuba.com.br , aliás se você quiser contribuir com material será muito bem vindo também. Abs., Edson Conti
ResponderExcluirJosé bom dia, você teria um mapa da trilha do telégrafo imagem ou arquivo do Google Earth, se puder por favor me mande.
ResponderExcluirFausto Ferrarias
fausto@runnersp.com.br
José, bom dia, você teria um mapa da antiga trilha do telégrafo, imagem ou arquivo google, se pude me mande, fiquei fascinado com sua postagem. OBRIGADO. Martins
ResponderExcluirmgdrochas@gmail.com