Que tal uma linda canoa para remar e manejar as ilusões? |
Olá, Clementino! Seja bem-vindo!
Andando entre os espaços de uma sala de aula, além da sujeira, os alunos deixam as suas mensagens escritas. Geralmente, entre muita sujeira, as carteiras têm desenhos, nomes bonitos e feios etc., sempre permitindo algumas conclusões. Numa delas, após o nome de uma adolescente negra, foi acrescentada a denominação “La pretita, la carvone”.
Ao querer puxar um assunto a respeito disso, percebi que os alunos recusaram a se enveredar na polêmica. Deixei passar. Espero outra oportunidade. Então, continuando um exercício, ouvi o seguinte:
- Sabe, Ju! A minha mãe trocou, de novo, de celular. Ela não gostou daquele outro. Diz que prefere um do modelo que funciona com toque na tela. Agora está dizendo que, no próximo mês, vai comprar um tablet.
A adolescente que se refere à mãe aparentemente é pobre e passa necessidades. Digo isso porque, ao chegar à escola a cada dia, ela vai logo em direção ao lanche que é servido no começo do período, pois se trata de uma escola pública, num dos nossos bairros periféricos, onde as situações de miséria são evidentes (lixos acumulados por todo quanto é lado, inclusive na mata ciliar, esgoto a céu aberto, barracos e cortiços, falta de espaço de lazer etc.).
O que concluir deste breve relato? Que lições tirar para aperfeiçoar a nossa cidadania?
Muito dirão:
- Que merda!
Bié, o barbeiro, depois de ouvir o meu relato, só disse isso:
- É assim mesmo, Zé! O mundo é abarrotado de ilusões.
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