De acordo com a amiga Sônia, quando somos crianças nossos pais contam histórias que levamos para toda a vida. Depois contamos aos nossos filhos e assim por diante. Algumas são lendas, crenças, superstições; outras servem somente para nos proteger.
“Por volta de 1983, o Perequê-açu era um bairro tranquilo, tinha muito mato. Nem andantes (mendigos) se encontrava pelas ruas. Eu e meu irmão mais novo tomávamos o café da manhã e íamos para a rua. Passávamos o dia todo na rua, pelo meio do mato. Os nossos pais ficavam loucos de preocupações. Então nos contaram a história do homem do saco:
‘É um homem que anda com o saco nas costas. Ele mata as crianças que ficam nas ruas para fazer sabão’. Nesse dia nem dormimos direito. Depois contamos essa história aos nossos amigos e decidimos andar em bando. E assim fizemos. Só que, não vendo ninguém com tais características, esquecemos a história.
O tempo passou; um dia eu estava indo para a escola quando me deparei com o verdadeiro homem do saco. Era um senhor com um saco sujo de sangue e fedia muito. Entrei em estado de choque: as pernas amoleceram e não saí do lugar. Ele passou reto e com isso eu achei que já tinha uma criança no saco. Este foi o motivo porque não me pegou. Voltei para casa aos prantos. Só aí a minha mãe me contou que era um andante e essa história só era para nos proteger dos perigos da rua.
Até hoje ainda me lembro da sensação horrorosa de que era a minha vez”.
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