O cidadão Gusto, natural da praia da Santa Rita, no município de Ubatuba, por ocasião da Segunda Guerra Mundial, foi convocado e esteve por alguns meses de prontidão na Ilhabela, num destacamento preparado para embarcar a qualquer momento para a Europa. De acordo com o mesmo, os treinamentos eram puxados e a disciplina era rigorosa.
O tempo passou, a guerra chegou ao fim, os “Recrutas da Ilha” foram devolvidos às suas famílias e aos seus lugares. Porém, para o Gusto, o ritmo da caserna deixou marcas, pretendia se perpetuar. Prova disso que, sempre nos finais de tarde, perto do serão, na praia vizinha (do Perequê-mirim), onde havia mais moradores, o reservista praticava ordem unida com uma rapaziada. De acordo com o testemunho de Antonio Julião, era empolgante e ao mesmo tempo engraçado escutar o “Um, dois, feijão com arroz...um, dois, feijão com arroz...Ordinário, alto! Ordinário, marche!”. Eu ficava imaginando a cena: Gusto, o patriota e os seus recrutas, cada um com uma vassoura ao ombro, marcando a areia molhada do lagamar. Era muita dose de civismo na terra do peixe com banana verde!
O querido Gusto e a sua companheira terminaram a vida esmolando. Certamente que, se ele não fosse tão pobre, sua postura patriótica teria imposto seu nome a ruas e outros logradouros deste município tradicionalmente conservador na política.
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