Aconteceu! Demorou para acontecer, mas aconteceu!
Tia Mariquinha, passando dos vinte anos, já era considerada solteirona. Quem me contou isso foi a tia Maria (do tio Genésio), casada na década de 1940 com a idade de 13 anos. Ela afirmou que a mulher sofria muito em tal situação.
Por sorte, ou pela “bondade infinita de Deus”, conforme a titia contadora de causos, apareceu um pescador catarinense por essas bandas. Não era tão jovem, mas se apaixonou pela tia Mariquinha. E logo falou com o tio Argelo. Este aprovou com desconfiança.
O caiçara tem um código moral orientado pela religião católica. Por isso que, apesar da alegria deslumbrante da filha, o pai desconfiado começou a investigar sobre o pretendente. Enquanto isso, a cada serão, o catarinense estava sentado no banco da sala trocando olhares e sorrisos com a donzela. De vez em quando contava alguma coisa da sua terra, mas nunca dos seus familiares. Esse detalhe também fez a mãe da moça ficar ressabiada, “de orelha em pé”.
Quando o barco em que o catarinense “barriga-verde” trabalhava deveria continuar o itinerário, o pescador titubeou, mas acabou optando pelo embarque. Tia Mariquinha afundou na tristeza porque não houve promessa alguma do namorado. Voltaria? Não voltaria? Ela e o pescador catarinense se casariam um dia?
Vendo a tia Mariquinha nesse estado, deste modo expressou a tia Maria Balbina: “A coitadinha tá com tristeza de garoupa no largo”.
Mais tarde, a desconfiança do tio Argelo se mostrou com fundamento. De fato aquele pescador era casado em sua terra.
(Nota: a garoupa, assim como sargo, piragica e outros peixes mais adequados para cozinhar com banana verde, pertence ao ambiente costeiro, vive entre pedras, nas tocas)
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