Hoje, ao passar por diversos bairros de Ubatuba, todos ocupados por casinhas e casarões, vem à lembrança esses mesmos ambientes em outros tempos; até mesmo a década de 1970, quando o turismo chegou forte. Quantas transformações!
Em todos os bairros (incluo as praias!) existiam vários ecossistemas (desde o lagamar até brejos piscosos, várzeas lodosas e morros onde se coletava, caçava, extraía madeiras etc.). Quantas vezes acompanhei os meus pais e outros caiçaras mais experientes nas mais diversas tarefas nesses ambientes?!
Com o meu avô Armiro aprendi o uso de taquaras, timbopeva e outros cipós na cestaria; raspei e carreguei cascas de aroeira para cardar cordas e redes. Da minha vó Eugênia vieram os primeiros contatos com as raízes (inhame, cará, mangarito, araruta, mandioca e outras) e o gosto pelas flores. Não me sai da memória o seu tão bem cuidado jardim com tantas variedades de cores, formatos e perfumes. A outra avó –a Martinha - me iniciou no conhecimento das ervas medicinais e das orquídeas (“parasitas”). A ela também devo o aprendizado em piché, paçoca de indaiá, tucum, pindoba e outros cocos nativos. Ah! Quanto de pati comi socado na pedra do terreiro!
Vovô Estevan é um capítulo à parte. Dele herdei o gosto pelas árvores (coleta de frutos, escolha certa para fazer bodoque, remo esparrela etc.) e pelo olhar silencioso aos sinais na natureza. Com ele, por várias vezes, cortei taboa (era demais!) nas áreas alagadas para fazer esteiras. Nesses momentos escutei dele, entre risos, a expressão:
“Como abunda taboa em nossa terra!”
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