sexta-feira, 27 de maio de 2011

Quando o gargalo é a solução (?)

         
         A cachaça, a “nossa branquinha de cada dia”, desde que chegou acompanhando a produção de açúcar, sempre esteve entre os caiçaras. Muitos engenhos funcionaram em diversos pontos do município de Ubatuba. Eu mesmo tive um parente próximo (tataravô), na praia do Pulso, proprietário de engenho, onde a parentada eram os camaradas. O que sei dele e da “faina cachacística” escutei da vó martinha, trabalhadora na meninice no engenho da família. É bom saber que, quando o “ouro despontou nas Minas Gerais”, Ubatuba passou a exportar para aquelas paragens três produtos principais: peixe seco, farinha de mandioca e aguardente.
         Por que expliquei tudo isso? Para justificar a “branquinha mardita” como remédio, sobretudo para quem ama errado (“levou esporada” ou “ganhou chifre”). Casos desses são muitos, “como chuchu na tralha”. Desconhecidos, amigos e parentes próximos passaram por isso. Cada um achou uma solução, “a melhor possível”. Continuam vivendo.
         Não foi o que se deu com o Renato, ainda gente dos Rolim, amigo estimado de infância: entrou na bebedeira, perdeu o gosto pela vida. Vivia gritando: “O gargalo é a solução”. Definhou... foi atropelado... definhou... contraiu cirrose... Definhou de vez. O coitado, do gargalo como solução foi ao caixão.
         O meu tio Tonico, religioso de cepa genuína, nunca chamava infeliz-finado de coitado. Só dizia: “Os mortos nos esperam”. E continuava: "É conforme o dizer na entrada do cemitério de Paraibuna: Nós que aqui estamos por vós esperamos”.
         Para encerrar este volteio desgosto-pinga-morte, o meu pai vive a dizer: “A nossa única certeza é a morte”.

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