A água é um dos ambientes preferidos do ser caiçara. Sempre foi questão de sobrevivência se dar bem com a água, sobretudo com o mar (conhecer a marés, as correntes, os cheiros e tantos outros aspectos). Porém, noutros tempos, os hábitos eram outros. Tomar banho, por exemplo, era muito restrito. O motivo principal era a presença de seres perigosos muito próximos do quebra-mar, na arrebentação das ondas.
Na minha meninice cansei de ver os mais idosos caminhando ou parado no mar, mas com água não alcançando nem mesmo os joelhos.
E as caiçaras?
No tempo quente elas também iam ao mar, porém... só à noite, acompanhada por uma outra (amiga ou filha). E vestida! Isso mesmo! De vestido as antigas caiçaras, ao escurecer, avançavam até a linha dos joelhos, onde se agachavam para molhar-refrescar outras partes do corpo. Nisso demoravam pouco. Logo voltavam para casa; uma vasilha com água quente as aguardavam para o banho definitivo do dia.
Tio Maneco Armiro, puritano somente na aparência, inconformado com tantas mulheres festejando no mar só em biquínis, certa vez disse:
“Naquele tempo não havia a pouca-vergonha de hoje. Onde já se viu lavar a ova tão descaradamente?”
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