sábado, 4 de maio de 2024

SENTADO NO ROÇADO (III)

 

Mandioca - Arquivo JRS

    Impressionante como tem negacionista! Um dos absurdos nessa categoria de gente é dizer que isso de aquecimento global é mentira, que essa preocupação com desmatamento, poluição etc. é coisa de esquerdista, de comunista, de quem não tem o que fazer. Por influências perversas, gente assim deixa de usar a razão como instrumento de libertação. No momento, vendo o desastre causado pelas fortes chuvas na região sul do Brasil, me pergunto se esses negacionistas farão uma revisão de seus pensamentos, de suas condutas, serão solidários com as vítimas etc.

    A razão deve nos trazer a felicidade porque é capaz de olhar o mundo de outro modo, de buscar consertá-lo. Me disseram o seguinte: o relatório da ONU afirma que, no momento, 55 conflitos (guerras) acontecem no mundo. Diante de coisas simples ou de coisas absurdas, a consciência segue conversando com o corpo físico, elaborando narrativas morais, suportando tudo que acontece na existência. Conforme o ditado, são “unha e carne”. Nisto se dá o nosso ordenamento, a nossa direção, o rumo da nossa canoa. Os acertos, recorrendo à razão, podem prevalecer.

     O nosso fim vai se aproximando. O meu fim chegará, mas a memória que por ventura os outros tenham de mim - que agora preenche o meu ser - continuará atuando. A cultura individual, soma de tudo que faz parte do meu ser, ganhará autonomia. Os vestígios dela (gravada, escrita...) poderão continuar acessíveis às gerações vindouras. Isto é, assim dizendo, as contribuições  de um ser que, mesmo ausente, segue contribuindo com a humanidade, compartilhando o seu espírito (soma das vivências, das experiencias). Não é o saber acumulado desde os tempos mais antigos que nos conduziu até aqui? Não sei como essa gente consegue, apesar de tudo, continuar sendo negacionista.

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