quinta-feira, 9 de dezembro de 2021

O MAR

O mar - Arquivo JRS

       Tarde boa para continuar uma boa leitura. De repente, me deparo com o mar em algumas de suas angústias:


      O oceano tem sido vítima mais da predação consciente do que da involuntária. Muitos pescadores extraem as barbatanas de tubarões e atiram-nos de volta à água, para morrerem. Em 1998, um quilo de barbatana de tubarão era vendido por 110 mil dólares no Extremo Oriente. Uma vasilha de sopa de barbatana custava 100 dólares em Tóquio. O World Wildlife Fund estimou, em 1994, que o número de tubarões mortos anualmente oscilava entre 40 milhões e 70 milhões.
  
      Em 1995, cerca de 35 mil barcos de pesca de tamanho industrial, mais cerca de 1 milhão de embarcações menores, vinham retirando do mar o dobro da quantidade de peixe pescados apenas 25 anos antes. Algumas das traineiras atuais são tão grandes como navios de cruzeiro e lançam ao mar redes com tamanho suficiente para conter uma dúzia de aviões jumbo. Algumas chegam a utilizar aviões de reconhecimento para localizar, do alto, cardumes de peixes.

      Estima-se que cerca de um quarto do total de peixes capturados nas redes não é aproveitável, por eles serem pequenos demais, do tipo errado ou por terem  sido capturados na estação errada. Como um observador contou à Economist: "Ainda estamos na Idade Média. Simplesmente atiramos uma rede ao mar para  ver o que vem". Talvez até 22 milhões de toneladas métricas desses peixes  indesejados são lançados de volta ao mar anualmente, a maior parte em forma de cadáveres. Para cada quilo de camarões capturados, cerca de quatro quilos de peixes e outros animais marinhos são destruídos.


    Mas por que eu me sensibilizei mais nessa parte? Porque eu me recordo dessa fase de cortar barbatanas entre pescadores caiçaras. Ali, na Ilha dos Pescadores, numa ocasião que já está perto de trinta anos, me sacudiu por dentro ver a quantidade de barbatanas secando ao Sol. Comentei com o meu amigo Oscar, na época embarcado num grande barco, sobre o que eu havia testemunhado. E ele: "É triste mesmo, Zé. Conforme o barco vai passando, vamos avistando aqueles imensos cações flutuando".

Qual livro? Breve história de quase tudo, de Bill Bryson. 

 

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