Na parte anterior, a comunidade caiçara decidiu algumas coisas para amenizar a crise com o Rio do Destacamento, mas...continua aí, Roberto.
Mas é claro que tais medidas, apesar de obedecidas, não agradaram a todos. Os mais festeiros se reuniram na casa do Sabá, para tentar colocar fim a essa eterna quaresma. Mané Vermelho levou a rabeca enrolada num pano, porque as pessoas já estavam esquecendo como que era uma rabeca e uma semana antes quase teve briga depois da missa por não chegarem a um entendimento se o instrumento tinha 3 ou 4 cordas. O Benedicto Henrique, inspetor da região, que fora o primeiro a chegar no local da reunião, examinou a rabeca cuidadosamente e ficou de esclarecer a comunidade sobre o número exato de cordas que havia nela. Passado esse primeiro momento adentraram ao tema principal do encontro – “Precisamos que voltem as saúvas” – começou o Seu Fabiano. “A folia do Divino está parada no Lázaro esperando definição, e a gente não pode viver a merce do medo das formigas voltarem… então que voltem logo e acabem com esse medo!” - concluiu. “Mas e se a gente da jeito delas não conseguirem voltar?” - sorriu o velho Sabá relutante. Todos concordaram com essa segunda opção. Os planos foram elaborados e cada um deveria executar a sua idéia ordenadamente. Mas antes fizeram promessa pra São Gonçalo. Os primeiros foram o pessoal do Giró, mestres da fogueira dos festejos de Santa Rita, que fizeram uma fogueira enorme no local, esperando que o calor espantasse de vez as formigas e matasse as desavisadas. Cinco dias se passaram com toda sorte de galhos e troncos sendo consumidos em chamas. Findo o fogaréu, novo buraquinho apareceu ali perto dos restos de carvão vertendo terra. O João Profeta foi o segundo, tratou de cavucar tudo em volta e fazer um cimentado por cima do formigueiro. O pessoal se animou ao ver, pensando em ser um local adequado para dançar um bate-pé assim que as saúvas sumissem. Mas não demorou muito elas desviaram um bocado a saída de seu túnel e jogaram terra um pouco mais afastado o que em pouco tempo cobriu o cimentado com um solo avermelhado. O pessoal do Parú tentou empanturrar as trabalhadoras, todos dias deixavam toda sorte de pescado na beira do rio para que as formigas fartas, descansassem ao invés de trabalhar. Mas aparentemente esse banquete marítimo só aumentou a velocidade e vigor do trabalho das pequenas. Por último, o Sabá com Fabiano tentaram embriagar as formigas deixando pratos cheios de cachaça na região. Todos se animaram quando se reuniram e concluíram que o ritmo das escavações parecia estar diminuindo a medida que mais formigas viciavam-se, mas infelizmente o estoque de cachaça da região estava ficando perigosamente baixo e tiveram que suspender essa operação um tanto curiosa.
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