segunda-feira, 21 de outubro de 2013

NA ROÇA DO CAETANO


Caetano na roça (Arquivo JRS)

 Alessandra Cerqueira: seja bem-vinda!

         Já vem de muitos anos a minha amizade pelo Caetano e seu filho (Zé Carlos). Desde aquele tempo (1982) sei que trabalham na terra, produzem um monte de coisas para o nosso consumo. Porém, foi a partir de um curso de apicultura que estreitamos mais os nossos laços. Por isso sinto a necessidade de, regularmente, me encontrar com esse pessoal para um bom papo, onde aprendo sempre alguma coisa da lida na roça e dou boas risadas com seus causos. Ah! Também vou sabendo da nossa história! Afinal, o Caetano é de Natividade da Serra, mas veio morar nesta cidade (Ubatuba) no início da década de 1950.

O pai do Caetano, assim com muita gente das “Terras de Serra Acima” daquele tempo, enxergou na cidade praiana, onde nascia a atividade turística, uma chance de recomeçar a vida, mas continuando com aquilo que fazia muito bem: cuidar de animais, plantar e negociar seus produtos. Assim foi criando os filhos. Um deles, graças à educação escolar e a disposição para o trabalho, deu no que deu: um produtor rural que muito nos orgulha. Que ele nos conte como foi.

“Meu pai era um bom comerciante. Tinha muita terra e produzia muita coisa na Vargem Grande. Só que um dia ele resolveu vir de vez para Ubatuba. Assim viemos para o bairro da Marafunda.
Ele nos criava do jeito dele, sem nem se perguntar se precisávamos estudar. Era o costume da roça...foi criado desse jeito... Só que um vizinho, o finado Carmo, um funcionário do Horto, me convidou para ir à escola (que era no mesmo lugar onde ele trabalhava). Eu fui e não me arrependo nunca disso! Era o ano de 1958.
Era difícil acordar cedo, ter de caminhar até a escola do Horto, enfrentar uma professora brava - a dona Zélia. Era esposa do André, o gerente da serraria da cidade, da “esquina da máquina”.            Depois do Exame de Admissão, fui estudar na cidade, na escola “Esteves da Silva”. Fiz até a sétima série. Um amigo - Teiji Matsuoka -  até quis que eu fosse com ele estudar em uma cidade de Minas Gerais, mas eu já estava muito apegado aos prazeres dessa vida para deixar Ubatuba. De lá pra cá só trabalhei na lavoura. Ah! Teve um tempo que eu tinha uns animais nas terras da Vargem Grande. Subia e descia a pé pelo Caminho da Cachoeira dos Macacos quase todo final de semana para cuidar deles. 
Eu devo muito à escola, aos estudos. Graças ao Carmo e a muita gente boa, meus professores, eu sei ler! Me viro bem porque tenho leitura para entender bem as coisas. O meu filho então nem se fala! Ele é que estudou mesmo! Sabe coisa do arco da velha!”.

Vale a pena conhecer a roça do Caetano, no início da Estrada do Monte Valério!
        Vale a pena adquirir os seus produtos cultivados de forma bem natural e saudável!
Vale a pena bater um bom papo com o sempre bem disposto Caetano! Ele me lembra muito do saudoso vô Estevan, um caiçara da Praia da Caçandoca.

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