Cheguei agora da rua. Vim de ônibus conversando com o Toninho do tio Mané Pequeno. Escutei boas histórias desse caiçara que se aproxima dos oitenta anos. Acho que posso tornar a editar o seguinte texto.
Atualmente, olhando alguns poucos jovens caiçaras soberbos, dissimulados, fúteis, petulantes etc., fico pensando em detalhes passados desse meu povo. Desde o ano passado, por exemplo, classifiquei desse modo alguns descendentes do finado Lourenço da Ilha.
O caiçara Lourenço da Ilha era ilhéu do Mar Virado até o início do século XX. Porém, mudou-se com a família para a praia da Caçandoca devido as melhores condições de acesso e de produção. Também considerou a necessidade cultural. Afinal, na costa havia mais festas, mais rituais religiosos e mais gente, inclusive parentes. De lá, após a abertura da estrada para Caraguatatuba e o advento do turismo, os seus descendentes se deslocaram para o bairro da Estufa e outros lugares mais próximos do centro da cidade de Ubatuba. E, - lógico! - continuaram a se reproduzir.
Hoje, olhando silenciosamente para esses jovens tão distantes, mas próximos do Lourenço da Ilha, penso: será que ao menos sabem que algumas de suas raízes estão no nem tão distante Lourenço, um homem que foi capaz de criar para si uma segunda natureza: de viver fora da ilha? Ainda bem que, dessa mesma descendência, há vários atuando na recuperação da dignidade caiçara! A eles dou os meus parabéns!
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