Frei Vitório e Júlio na horta (Arquivo JRS) |
Estando de férias, recebi um telefonema do amigo Júlio Mendes. Tratava-se de um convite para a Festa do Tropeiro, em Jambeiro. Eu e minha esposa aceitamos na hora. Afinal, é muito bom viajar, prestigiar eventos culturais e ter a companhia de pessoas queridas.
Estando na estrada de acesso, pouco depois que deixamos a rodovia principal (Carvalho Pinto), entramos por uma porteira aberta. Surpresa! Era a propriedade doada por alguém dali mesmo para que o frei Vitório Infantino fizesse uma igreja, um espaço acolhedor e de oração. De imediato a informação: “O frei certamente não virá aqui hoje. Certeza mesmo só no domingo, quando celebrará a missa”. Que pena! Mas mesmo assim nos decidimos pela visita ao agradável espaço.
Seguimos o percurso até o final, passamos por uma horta, por um lago...Entramos numa área arborizada, com grama bem aparada. Encontramos a capela! Simples, linda! Lá está o Cristo na cruz, obra do escultor Da Motta que tanto nos orgulha. O livro de músicas “é a cara do frei”. Ou seja, tem praticamente as mesmas músicas daquele tempo (década de 1970), que nos convidam à introspecção e à caridade. “Tu te lanças sempre mais. Ôôôô...Não te cansarás jamais. Ôôôô...Se te lanças na aventura de amar somente amar.” Recordamos um monte de coisas desse tempo, principalmente as experiências de alguns dos presentes.
Saindo do espaço da capela, retornando à horta e pomar, não resistimos às mexericas maduras. De repente...quem chega? Isso mesmo! O frei, num veículo pequeno, estacionou e flagrou todo mundo se lambendo e cheirando à mexerica. Após os abraços calorosos, demonstrando muita alegria, ele disse: “Neste ano a produção de laranja não foi boa. Por isso eu deixei para os passarinhos e ladrões. São todos filhos de Deus”. Rimos juntos. Em seguida já foi colhendo alfaces para nós. Depois continuamos a prosa, com o frei falando a respeito do micro clima da localidade, das fontes de água que surgiram após a sua chegada e das obras. Explicou ainda o Projeto Conviver (trabalho com crianças portadoras de deficiência física) que é a sua prioridade nos últimos anos.
Impressionante mesmo foi a narrativa em torno das cirurgias e da recuperação da saúde do frei. A disposição após tudo o que ele passou é incrível!
Ainda recordamos dos bons tempos de Ubatuba: das empreitadas do Lar Vicentino e da Casa de Emaus. Pudemos notar que em tudo havia um cálculo só superado pela incrível confiança na força da oração. Diante de qualquer dilema, só uma era a resposta do frei Vitório Infantino:
“É preciso acreditar na providência divina!”.
Satisfeitos nos despedimos desse italiano que faz lembrar de uma poesia de Adelmar Tavares:
Todo rio, na corrente,
Busca um lago, um rio, um mar...
Mas o destino da gente
Quem é quem sabe onde vai parar?
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