Sempre tem alguém mais interessado em algumas coisas, em pessoas da nossa terra (Ubatuba). Há casos em que o óbvio não é nada óbvio. Exemplo: poucos sabem quem é Idalina Graça, a mulher que nomeia pelo menos duas escolas no município. Creio que a culpa é, primeiramente, dos gestores escolares, pois eles são os primeiros responsáveis a justificarem a denominação dos estabelecimentos. Mas não cabe agora se demorar nisso; é uma questão de zelar pela memória para poder manter e cultivar uma identidade. Já disse o professor Jung Mo Sung: “Sem memória ninguém propõem nada; só copia”.
Idalina do Amaral Graça nasceu na Ilhabela, mas logo cedo foi trabalhar em Santos, onde conheceu o futuro esposo Albino Graça. Dizia que frequentou a escola por apenas dois anos, mas tornou-se um leitora voraz.
No ano de 1930, o casal resolveu vir para Ubatuba, a terra de Albino. Moraram pouco tempo na Praia da Enseada; logo vieram para o centro da cidade, onde cuidavam de um hotel na Praça da Matriz. Depois, parceladamente, tornaram-se proprietários deste. Os dois se entregavam de corpo e alma ao trabalho, cabendo a ela, entre outros, o trabalho na cozinha. Era onde, entre os espaços nas tarefas, ia anotando os pensamentos e as histórias que ouvia.
Idalina Graça, então, tornou-se escritora graças à sua capacidade de escutar, refletir e escrever acerca do mundo caiçara. Por coincidência, um jornalista (Willy Aureli), seu hóspede numa ocasião, descobriu seus escritos devidamente datilografados pelo amigo Filhinho (da farmácia) guardados numa lata de biscoitos. Impressionado pelo teor dos textos, Aureli foi o responsável pela revelação da “Solitária de Iperoig” ou a “Escritora iletrada”.
Graças ao apoio do amigo e prefeito Francisco Matarazzo editou o primeiro livro: Terra Tamoia. Depois veio o seguinte: Bom dia Ubatuba. O seu falecimento ocorreu em 29 de junho de 1979, quando trabalhava em seu terceiro livro.
Hoje, passando defronte à casa de Idalina, tão abandonada na Rua Dona Maria Alves, penso:
“Quantos sabem disso, da mulher que deixou registrado um pouco mais do povo caiçara? Será que as escolas cultivam o ser e o fazer literário tão imprescindível para a civilização?”.
Ideal seria concretizar algo em torno dessa mulher que, no dizer de Willy Aureli, “está um esforço de alguém que não estudou, não conheceu autores, e que escreveu livros, palavra por palavra, juntando-as para formar sentenças, frases, episódios, de forma escorreita, assimilável e amiga!”.
Parabéns Zé! Ótimo como sempre; temos sim, por obrigação e gratidão revivermos Idalina Graça e tantos outros caiçaras ilustres. Grande e forte abraço!
ResponderExcluirParabéns Zé! Ótimo como sempre; temos sim, por obrigação e gratidão revivermos Idalina Graça e tantos outros caiçaras ilustres. Grande e forte abraço!
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