Eu
cresci escutando o meu pai dizer que “para morrer basta estar vivo”. Sempre pensei que todos deveriam estar
preparados para algo inevitável como a morte, um fato que nenhum dinheiro ou beleza do
mundo consegue subornar.
Ontem foi Dia de Finados. Durante a semana, as pessoas por todo o mundo comemoraram à
sua maneira (Dia das Bruxas, Halloween, Zombie Walk etc.) essa relação com a
morte e suas derivações. Eu digo que é uma das expressões culturais mais antigas.
Os estudos arqueológicos interpretam
alguns vestígios de mais de dez mil anos como sendo parte de rituais aos
mortos.
É
sabido que os povos antigos (“pagãos”), nessa época do ano, por ocasião das
colheitas, convocavam todos os antepassados – os seus mortos – para a vida. Era
o Dia dos Mortos. Depois, com o advento do cristianismo (e a sua imposição
pelas guerras aos povos antigos), houve a transformação para o Dia de Todos os
Santos. E, redirecionando a primitiva festa, declarou-se o segundo dia de
novembro como o Dia dos Finados.
Portanto,
de qualquer forma é uma das primeiras manifestações culturais que mostram o
nosso desejo da imortalidade. Não importa o nome que derem à data; o importante
é brincar com a morte e levar a vida a sério (com vontade de torná-la melhor
para todos). Nisso, os nossos antepassados, sobretudo os bons exemplos, devem
voltar em nossas memórias e em nossos atos.
A
cada ano eu faço questão de convidar os meus filhos para ir à sepultura de
minha mãe. Acendemos uma vela representando a vontade de manter viva memória de
seus exemplos, de continuar agradecendo pelas nossas vidas. Só assim eu
compreendo a imortalidade: retornar à Mãe Terra, mas continuar fermentando as
ações de quem continua sobre este chão.
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