“As coisas que eu aprendi eu posso ensinar” é uma frase que escutei do finado Aristeu Quintino, em 1982, na Praia da Ponta Aguda. O local: casa da ASEL, uma entidade fundada pelo saudoso frei Pio para dar apoio aos caiçaras. Era uma assistência necessária num tempo em que não havia nenhuma estrutura oficial de assistência social aos mais pobres. Era parte do compromisso evangélico do religioso italiano que se dedicou ao povo ubatubano.
Nessa base da ASEL, no lado sul do município, o Aristeu prestava seus talentos de enfermeiro, de zelador e de outras habilidades que tinha. Lembro-me de uma ocasião em que tirou cipó (timbopeva) no mato próximo para ensinar, junto com o João Araújo, a arte de fazer balaios às crianças da região. Era uma tarde gostosa. Por estarmos perto da cachoeira, somente algumas “butucas” apareciam esporadicamente para nos picar. Porém, todos aprenderam o básico da cestaria. Eu já sabia mais ou menos daquilo porque cresci vendo os meus avós, sobretudo o vô Armiro, a tecer as taquaras em práticos balaios e samburás. Mas sempre é bom continuar aprendendo, né?!
Nos dias hoje, ocasionalmente, passo alguns princípios do que sei fazer. O material básico não precisa ser o cipó, nem a taquara. Das pilhas de papeis eu monto os canudos, vou trançando e dando os contornos dos nossos antigos utensílios. Muitos se interessam e se alegram em aprender mais uma arte que veio dos antigos tupinambás. É a porção deles se manifestando na nossa cultura caiçara, nas coisas populares.
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