Eu aposto numa geração de leitores e de produtores de reflexões vitais para a atualidade |
Um motoqueiro, certamente depois de muito atormentar a vida de seus vizinhos com um som em alto volume, foi baleado e morreu. Isto foi em São Paulo. Ao que tudo indica, conforme o comentário do apresentador, o sujeito era um trabalhador alienado. Deduzo então: ele investia o seu salário na sobrevivência e no consumo dos “produtos da moda”. Para ele, isto era ser bonito, sinal de alguém de status. Sentia-se valorizado pelo potente aparelho de som que lhe custou a vida.
Em relação à minha vizinhança, quando um “miserável cultural” está refém do “barulho chique”, primeiramente notifico-o que o seu “maravilhoso som” não está agradando tanto como ele imagina. Só depois recorro à polícia. Afinal, se você não tiver paz nem em sua casa, onde mais vai ter?
A minha sugestão é que as polícias (militar ou municipal) deem muita atenção a mais esse problema. O que deu na televisão mostra que, se não considerarmos e deixarmos de corrigir esses “pequenos” desgastes, nós podemos estar caminhando para uma guerra civil resultante de uma educação capenga, de crises de identidade, de perda da autoestima etc. São sinais evidentes de que já estamos “coisificados”, vivendo de acordo com os objetivos da classe dominante. Não duvido que próximo de você vive gente assim: que precisa ser notado pelas coisas que tem e não pelo que é ou poderia ser.
Alienação boa é aquela que é fonte de prazer da leitura. Conforme escreveu Rubem Alves, em 1999:
“Por meio da alienação sou capaz, ainda que por um curto espaço de tempo, de sair da minha realidade e viver a realidade do outro... Esse exercício voluntário da alienação é fonte da boa saúde mental. Quem não consegue fazê-lo é porque já está meio enlouquecido”.
Questão: E quem nunca pensou em fazer isso, além de perturbar o direito do outro, é o que então?
Em tempo (porque eu acho importante cuidar da saúde das pessoas e do nosso espaço caiçara):
1- A dona Maria, caiçara, moradora do Sumidouro, diz que não imagina a quem recorrer numa situação paradoxal (mas nem tanto conforme noticiários de outros lugares!): perto da sua casa funciona uma mistura de cassino e salão de forró, com apoio de policiais que também moram por ali. Que verifiquem o fato as autoridades que resistem à corrupção.
2- O Tião, um areeiro desocupado, se lamenta do descaso das autoridades ambientais que não controlam a retirada de barro numa interligação recente entre as ruas da Promessa e Babaçus, no bairro do Ipiranguinha (Ubatuba). Pergunto: Será que elas sabem disso?
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