Que tal um prato à base de peixe seco e cará-moela?
Um
velho amigo escreveu algumas linhas elogiando o texto que eu fiz, num dia
desses, a respeito dos cheiros. Nesta
semana fiz questão de passar todos os dias num dos acessos para o meu bairro. O
motivo: um velho tarumã está florido e perfuma um bom trecho da rua.
O
tarumã, conhecido na Ilhabela como taquiuva, nasce facilmente a partir da semeadura natural
feito pelos passarinhos. É uma árvore que cresce muito. Os habilidosos caiçaras preferiam a
sua madeira para tirar lindas gamelas, mesa de prensa, “queijo” de fuso, pilão etc.
Na
minha infância, no caminho do rio, um pé de tarumã se destacava pelo tamanho e
por ter uma base oca, onde as galinhas adoravam botar ovos. Quando a vovó
Eugênia me dava a missão de descobrir onde determinada galinha estava botando, o
primeiro lugar a ser sondado tinha de ser aquele tarumã bem evidente.
O
tarumã do caminho do rio não ficava longe da casa de farinha do vovô Armiro.
Era alto, e, de qualquer ponto, a gente o avistava. Diziam os mais velhos que,
no tempo dos índios, a madeira dessa árvore era muito usada para moquear peixes
e fazer piracuá (farinha de peixe
seco). Faziam isso por causa do cheiro especial que passava para o pescado,
dando um sabor especial à iguaria.
Hoje,
por não ser tão exigente, seco o meu peixe numa simples madeira. A propósito:
você já experimentou o peixe seco preparado com cará-moela? Quem quiser pode
consultar o mestre cuca Julinho Mendes. Eu prometo editar a receita assim que
ele me enviar.
Nenhum comentário:
Postar um comentário