quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Entrevista no Camburi (X)



Genésio: “Os três meninos saíram a milhão por aqui abaixo; foram para a igreja, né? E o Isaías assobiou. O Isaías disse assim: ‘Tio Genésio, olha, eu assubo aqui; desço qualquer hora da noite; assubo...Mas tem dia que forma-se uma conversa para baixo, nas minhas costas, para baixo de mim, por detrás de mim. Daqui a pouco tá na frente; tá na frente a conversa –duas pessoas conversando – e eu não vejo ninguém. Eu digo assim...Então, depois disso, o senhor sabe, esse Simão, esse Simão aí, já topou por umas duas vezes com um cidadão de branco à noite’. E a moça, hoje ela tá na Itália, que me conhece muito, conhece a turma aqui, ela tá na Itália, em São Paulo, duas colegas. E o cidadão...Ela desceu na frente; pegou duas sacolas e veio na frente. E na passagem do rio...E o rapaz do carro, que veio com elas às três horas da madrugada, ficou fechando o carro, ali na grama, né?  Aonde está o ponto de ônibus; fechando. E elas duas vieram na frente. Quando chegaram na subidazinha ali, que passou o rio, na subidazinha que vem pra cá, elas pararam no caminho, numa sombrazinha. Tinha uma lua. Três horas da madrugada tinha uma lua. Ficaram ali. Quando elas viram aparecer um senhor alto, todo de branco; inteiro. Terno de linho; branco inteiro. Disseram que eu perto dele não era nada – a massa daquele homem! Chegou com uma maleta aqui e outra aqui na mão; passou por elas assim, chegou na frente delas parou e arriou as duas maletas. E as moças disseram assim: ‘Ô chefe, ô chefe; o senhor quer uma ajuda? Quer uma ajuda?’.  Quando elas disseram assim, ele desapareceu. Ah! As duas meninas botou a chamar o ‘Bruxo’. O irmão dele acampou aí. ‘Ô bruxo! Ô bruxo! Depressa, depressa!’. Aí o rapaz chegou. Disseram assim: ‘Quem passou aí por você? Quem passou por aí agora? Não era um senhor  com duas maletas na mão, de branco inteiro?’. O ‘Bruxo’: ‘Eu não vi não; por mim não passou ninguém’. Ele pensou: desapareceu; alguém desapareceu aqui. Essas duas meninas contam isso. Elas sempre vêm aqui. Elas contam isso. Então, o senhor vê que sempre aparece  essas coisas. Então, essa pessoa que está conversando com o senhor, o inimigo não vai assustar. Eu tenho a certeza, em Deus em primeiro lugar, que as minhas unhas do pé ele não vai arrancar porque eu já me acostumei. Eu já me acostumei nisso daí. Viajo. O senhor sabe que eu chego meia-noite, uma hora da madrugada... Tô viajando e  aí me alembro. A mulher tá aí. Um dia saímos daqui, a mulher disse assim: ‘Genésio, amanhã você me acompanha cedo porque eu tenho uma consulta marcada lá, na parte da manhã, cedo. Cedinho; para sete horas. Sete horas eu tenho que tá em Ubatuba por causa da consulta da menina. É a que tá morando agora em Ubatuba. Hoje ela tá aqui! E acabando que...Sim, então vamos fazer uma horinha para pegar o ônibus das cinco e quarenta lá em cima, para chegar a tempo lá em Ubatuba, no horário das sete horas. Assim fomos. Ela fechou a casa, tudo. E aí saímos. Mas quando eu tava me arrumando para sair, me veio aquilo na lembrança: hoje é dia do condão no caminho, coisa sortida no caminho. Me veio aquilo na ideia”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário