terça-feira, 21 de novembro de 2023

A CASA DA BENZEDEIRA

 

Casa da benzedeira - (Arquivo Joban)


Fabiano e Petiá: um adorável casal  - (Arquivo Joban)



      SOLAR DOS OLIVEIRAS OU PATRIMONIO HISTÓRICO DA PETIÁ

         Minha tia Petronília era muito amada, conhecida e admirada por todos os caiçaras que a procuravam para curar seus males onde a medicina da redondeza não conseguia ou não tinha. Era conhecida como D. Petiá, ela residia nessa casa linda que o tempo envelheceu, que será reformada. Esse patrimônio histórico é a segunda casa mais antiga do bairro, só perde para o antigo armazém do Maciel. Nesta casa muitos vinham com lágrimas nos olhos e com os corações esperançosos e saiam com sorrisos nos lábios. Dona Petiá, essa sensível caiçara que espalhou na vida filhos legítimos nascidos do seu ventre e filhos adotados nascidos do seu lindo coração, deixando em cada um de nós a saudades daquela que não mediu esforços para alegrar a todos nós, merece nossa eterna memória.


         O amigo João Batista Antunes (Joban) fez muito bem em registrar um pouco de seus familiares, de sua gente da Pedra Branca, na praia da Enseada. Nos alegra com a notícia da reforma por acontecer na casa da benzedeira.

      Dona Petiá era benzedeira muito estimada. Eu morava no bairro próximo, mas circulava muito além da vizinhança, enxergava a movimentação na Pedra Branca, onde até hoje mora o casal Joban/Andrea e tantos outros conhecidos da minha infância.

    Benzedeiras e benzedeiros se distribuíam por vários bairros/praias. No Sapê, a  tia Livina vivia atendendo a todos. Na Fortaleza, benzer era o trabalho da tia Aninha. No Corcovado, tio Francolino era o benzedor. No Itaguá, dona Josefa atendia desde a os parentes da Ponta Grossa até o centro da cidade. Na Estufa, Seo Manoel Mariano, nascido no Canto da Paciência, atendia em sua pobre casa os moradores do entorno. Na Sesmaria da Estufa, João Alexandre, natural do Sertão do Ubatumirim, era a referência.  (Até ganhou nome de escola municipal). Toda essa gente, essa caiçarada de outras gerações, sensível às dores dos pobres, além de benzer e rezar, também recomendava as ervas que conheciam. Corpos e almas eram aliviadas pela fé e pelos conhecimentos dos nossos antigos.

     Viva o sincretismo religioso da nossa gente!




Nenhum comentário:

Postar um comentário