Gaivotas no lagamar (Arquivo JRS) |
“Jesus, filho de Maria (Aparecida), era semita tostado pelo sol do Oriente Médio. Era judeu." A denominação mais antiga era hebreu. Hebreu era a grande massa, trabalhadores e trabalhadoras do Egito que deixaram aquela terra para escaparem à servidão. Portanto, hebreu era uma mistura de povos explorados pelos egípcios. "Se é verdade o que se escreveu dele, duvido que o mesmo aprovaria as perseguições ao povo palestino (semita), às minorias que estão em romaria perpétua pelo Brasil e no mundo afora. Que tal darmos as mãos a tanta gente que nem tem a alegria de uma companhia em suas vias sacras?”.
Resolvi pegar um trecho
já escrito para escrever o meu presente texto, a minha reflexão de hoje. Apresentei-o
ao amigo Esaú durante uma prosa no ônibus entre Ubatuba e Caraguatatuba. Nós
dois íamos a consulta médica. “É, meu
amigo: tem de se cuidar se quisermos viver um pouco mais, ter mais saúde!”.
Esaú é filho de
evangélicos tradicionais; estudamos juntos na escola Capitão Deolindo, em
Ubatuba.. Seus irmãos – todos! – carregam nomes bíblicos. Torcedor fanático do
Santos Futebol Clube, o meu amigo, caiçara da gema, estava me contando da irmã
católica de mente entupida pelos discursos de algumas lideranças que abraçaram
a causa fascista. Afirmei a ele que não é apenas “privilégio” dele esse tipo de
“cristão”. “Na minha família há muitos.
Mais de 70% dos ubatubenses votaram no genocida. Você sabe bem disso”. Duvido que eu consiga
encontrar alguma família que não esteja vivendo tal dilema. “Não vamos sofrer por isso, Esaú! O que
devemos fazer é argumentar para reverter isso. As pessoas têm de entender que
apenas os pobres sofrem com essas ideias fascistas. Eu apenas sinto muito por
tantos caiçaras e tantos migrantes explorados serem o combustível dessa
engrenagem diabólica”. É a nossa gente alienada (caiçaras e migrantes “cabeça-gorda”)
que está apoiando as privatizações, a eliminação dos direitos trabalhistas e
outros absurdos maiores. É essa gente “cabeça-gorda” que sustenta políticas
genocidas no Brasil e no mundo. É toda essa gente indisposta a uma ginástica mental. Não
querem entender que as guerras sustentam a indústria bélica no mundo, cujo
principal fornecedor são os Estados Unidos. Agora, uma grande guerra se apronta
no Oriente Médio. É preciso um pretexto forte para usar o arsenal nuclear e
dissolver a organização decorrente do BRICS, um agrupamento de países que atua
no cenário internacional para enfrentar a hegemonia dos Estados Unidos,
sobretudo os seus monopólios que exploram as nações mundo afora.
“Tem muita gente que lucra com essas ideias, Zé!”. “Eu sei que tem, Esaú! Você acha que a sua
irmã quer pagar os direitos para a empregada dela? Você acredita que o seu
cunhado paga os impostos que deveria pagar? Pode ter certeza que nós pagamos
bem mais do que o dobro! Esses empresários, mesmo sendo nada diante das grandes
fortunas, também almejam não pagar nada além de viverem às custas do suor dos
outros. O seu cunhado, a sua irmã e tantos outros se acham superiores. Por isso
abraçam ideias absurdas, se põem contra a grande massa de empobrecidos, têm
raiva de gente como nós que não assinam tais princípios fascistas. E pode ter
certeza que, em todas as tendências religiosas, pedagógicas etc., há gente
lucrando com isso. Daí a razão de produzir narrativas alienadoras. E digo mais:
essa gente, parentes nossos, foi corrompida!”.
Tudo isso,
toda a nossa prosa rodou muito em torno da alienação do nosso povo relacionada
às questões ambientais, das condições impróprias de nossas praias, de nossos
rios, de nossas vias de acessos, de nossas matas etc. Creio que a cultura, nas
suas infinitas manifestações (dança, cinema, teatro, pintura, artesanato...),
pode ser a mística de partida para fazer um reerguimento da nossa razão
de viver, de desconstruir mentes alienadas. Basta um nada para mudar tudo.
Valeu, amigo!
Eu estava sentindo falta dos seus textos aqui, Zé. Sempre muito lúcidos e esperançosos.
ResponderExcluirGratidão, Jorge. Você e outras pessoas me incentivam e me dão satisfação. Forte abraço.
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