segunda-feira, 13 de novembro de 2023

BASTA UM NADA

 

Gaivotas no lagamar (Arquivo JRS)

      “Jesus, filho de Maria (Aparecida), era semita tostado pelo sol do Oriente Médio. Era judeu."  denominação mais antiga era hebreu. Hebreu era a grande massa, trabalhadores e trabalhadoras do Egito que deixaram aquela terra para escaparem à servidão. Portanto, hebreu era uma mistura de povos explorados pelos egípcios. "Se é verdade o que se escreveu dele, duvido que o mesmo aprovaria as perseguições ao povo palestino (semita), às minorias que estão em romaria perpétua pelo Brasil e no mundo afora. Que tal darmos as mãos a tanta gente que nem tem a alegria de uma companhia em suas vias sacras?”. 

 

    Resolvi pegar um trecho já escrito para escrever o meu presente texto, a minha reflexão de hoje. Apresentei-o ao amigo Esaú durante uma prosa no ônibus entre Ubatuba e Caraguatatuba. Nós dois íamos a consulta médica. “É, meu amigo: tem de se cuidar se quisermos viver um pouco mais, ter mais saúde!”.


   Esaú é filho de evangélicos tradicionais; estudamos juntos na escola Capitão Deolindo, em Ubatuba.. Seus irmãos – todos! – carregam nomes bíblicos. Torcedor fanático do Santos Futebol Clube, o meu amigo, caiçara da gema, estava me contando da irmã católica de mente entupida pelos discursos de algumas lideranças que abraçaram a causa fascista. Afirmei a ele que não é apenas “privilégio” dele esse tipo de “cristão”. “Na minha família há muitos. Mais de 70% dos ubatubenses votaram no genocida. Você sabe bem disso”. Duvido que eu consiga encontrar alguma família que não esteja vivendo tal dilema. “Não vamos sofrer por isso, Esaú! O que devemos fazer é argumentar para reverter isso. As pessoas têm de entender que apenas os pobres sofrem com essas ideias fascistas. Eu apenas sinto muito por tantos caiçaras e tantos migrantes explorados serem o combustível dessa engrenagem diabólica”. É a nossa gente alienada (caiçaras e migrantes “cabeça-gorda”) que está apoiando as privatizações, a eliminação dos direitos trabalhistas e outros absurdos maiores. É essa gente “cabeça-gorda” que sustenta políticas genocidas no Brasil e no mundo. É toda essa gente indisposta a uma ginástica mental. Não querem entender que as guerras sustentam a indústria bélica no mundo, cujo principal fornecedor são os Estados Unidos. Agora, uma grande guerra se apronta no Oriente Médio. É preciso um pretexto forte para usar o arsenal nuclear e dissolver a organização decorrente do BRICS, um agrupamento de países que atua no cenário internacional para enfrentar a hegemonia dos Estados Unidos, sobretudo os seus monopólios que exploram as nações mundo afora.

    “Tem muita gente que lucra com essas ideias, Zé!”. “Eu sei que tem, Esaú! Você acha que a sua irmã quer pagar os direitos para a empregada dela? Você acredita que o seu cunhado paga os impostos que deveria pagar? Pode ter certeza que nós pagamos bem mais do que o dobro! Esses empresários, mesmo sendo nada diante das grandes fortunas, também almejam não pagar nada além de viverem às custas do suor dos outros. O seu cunhado, a sua irmã e tantos outros se acham superiores. Por isso abraçam ideias absurdas, se põem contra a grande massa de empobrecidos, têm raiva de gente como nós que não assinam tais princípios fascistas. E pode ter certeza que, em todas as tendências religiosas, pedagógicas etc., há gente lucrando com isso. Daí a razão de produzir narrativas alienadoras. E digo mais: essa gente, parentes nossos, foi corrompida!”.


   Tudo isso, toda a nossa prosa rodou muito em torno da alienação do nosso povo relacionada às questões ambientais, das condições impróprias de nossas praias, de nossos rios, de nossas vias de acessos, de nossas matas etc. Creio que a cultura, nas suas infinitas manifestações (dança, cinema, teatro, pintura, artesanato...), pode ser a mística de partida para fazer um reerguimento da nossa razão de viver, de desconstruir mentes alienadas. Basta um nada para mudar tudo. Valeu, amigo!

2 comentários:

  1. Eu estava sentindo falta dos seus textos aqui, Zé. Sempre muito lúcidos e esperançosos.

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    1. Gratidão, Jorge. Você e outras pessoas me incentivam e me dão satisfação. Forte abraço.

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