Casal de tangarás - Arte da prima Giovana |
Santiago, da janela, olhando o tempo, dedilha a viola, escreve e desfruta a natureza enquanto a panela está cozinhando uma das nossas iguarias. Nesse ambiente nasce Ribeirão do tempo. Escolhi os tangarás porque eles abundam pelas matas, simbolizam a nossa terra. Gratidão à Gi e ao Santi, nossos artistas. Abraços.
Cheiro de terra molhada
chuva que cai no quintal
quando vai findando a tarde
e o sol longe se vai
Bate no peito uma saudade
da velha vila rural
Canteiros de flores
que a mãe cuidava
e as roupas brancas no varal
parece que acenavam
um longo adeus aos barcos
No vento azul
que de mansinho
trazia a noite para o terreiro
onde a viola e o violeiro
cantavam o mundo
as histórias e os mistérios do sertão.
Café no fogão de lenha
paçoca no pilão.
A lembrança que incendeia
a fogueira e acende o lampião
Os dias passavam lentos
mas não tinha pressa não
Quando menos se apercebe
já passou um ribeirão
pelo arco da ponte
de tantos anos vividos
marcados no tic tac
do velho relógio
da estação
Mas nas águas da memória ficaram
A mãe e o pai.
Não volta mais
aquele sonho e aquele mundo
ficou pra trás.
Parece que um dia na infância
eu mergulhei no ribeirão do tempo
e ao sair
já não era mais menino e cresci
e ao redor cresceu o mundo também
e muitas vezes eu me perdi
na imensidão da vida e da ilusão
E as coisas que eu aprendi
não sei se é muito
não sei se é pouco
mas é o que tenho até aqui
Nesse caminho
eu traduzi toda distância, toda ausência, toda saudade
na melodia de uma cadência
na solidão da viola
na beira do mar
A janela em Camburi segue olhando o ribeirão do tempo e escrevendo... Grande abraço, mestre!
ResponderExcluirEsse é talento que se multiplica. Abração, Santi.
Excluir