Imagem atualizada (Arquivo JRS) |
O amigo Ernesto me convidou para um
encontro em torno do tema Doação de Sangue. Não pude comparecer, mas me senti na obrigação de dar a minha contribuição através de um
texto, contando a minha história. Espero
que seja importante para motivar discussões, sobretudo agora em que tramita em
Brasília um projeto que é favorável aos mercenários do sangue.
No início dessa carreira de doador de
sangue, eu tinha a facilidade de me dirigir à Santa Casa de Ubatuba e ali mesmo
me sentir realizado por tal ato. Quem me atendia era a enfermeira Cecília.
Depois, por volta do ano 2000, o banco de sangue da nossa cidade foi suprimida. Deve ter muitos motivos,
mas nunca me explicaram. Tudo me faz crer que sangue se tornou quase um
monopólio. De vez em quando havia uma campanha, mas era difícil ajustar o meu
corre-corre com as datas. Até em Caraguatatuba eu me desloquei: doei nos
bombeiros, no quartel da polícia etc., mas o mais comum foi doar em outras
cidades mais distantes, quando precisava viajar para resolver outros negócios.
Assim, doei em Santo André, no Hospital das Clínicas (na capital paulista), nos
hemocentros de Juiz de Fora, de Taubaté, do hospital de São José dos Campos
etc. Lamento muito porque, caso houvesse ainda um centro de doação em nossa
cidade, os doadores e doadoras seriam muitos. Quando eu comecei era comum ter
muita gente a cada oportunidade. Muitas amizades que tenho ainda são daquela
época, quando estávamos na espera para deixar nossa contribuição. (Nota: quase
todas as vezes eu doo espontaneamente, sem ter alguém específico para receber.
Acredito que alguém vai se beneficiar do meu ato, do meu sangue. Fico sempre
contente por essa mínima ação).
Quando eu assisto na televisão campanhas
para ser doador, denuncio que é uma mentira. Caso quisessem mesmo ter mais
doadores, as cidades teriam seus bancos de sangue, não precisaríamos viajar
para isso. Escrevi a responsáveis sobre isso, mas até hoje não me deram
respostas. Logo estarei completando sessenta e dois anos, mas espero continuar
doando até os sessenta e nove. Sei que é muito importante doar sangue, salvar
vidas. Também é importante doar órgãos. Imagino que muitas vidas estão aí
devido aos meus 450 ml que deixa o meu corpo em dez minutos duas ou três vezes
ao ano. Eu me realizo doando sangue!
Parabéns ao Ernesto pela cobertura jornalística. Parabéns a ao pessoal que participou do 2º Encontro Anual de Doadores de Sangue. São iniciativas assim que sensibilizam mais gente, nos fortalecem, nos unem na luta para não deixar que o sangue e seus derivados se tornem fontes de lucros para alguns, excluindo de essenciais tratamentos os pobres, desmotivando o importante ato de doar sangue.
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