José Libório - Arquivo Ubatuba |
Eu era muito pequeno, mas me lembro bem do Seo Zé França. Era amigo de todos (como todo mundo daquele tempo), estava sempre em prosa com vovô Armiro, tio Francolino e outros, escutando, fazendo trocadilhos e rimando o que podia. O armazém da Praia Dura era o ponto de encontro desses antigos. Depois cresci, andei por outras paragens, deixei de encontrar muita gente. Um dia, já faz tempo, o Cícero me entregou um livreto de poesia. Na capa o José Libório, o Sr. França - Suas belas histórias. Que surpresa boa! Hoje, transcrevo aqui parte desse material, desse talento do Seo Zé França.
"Agora eu vou falar do povo da cidade ao redor"
Havia naquele tempo
Ali no Mato Dentro
Uma venda de mantimento
Era do Dito Bento.
Quem descia de São Luiz
Indo pro lado de centro
Logo também chegava
No armazém do Zé Vicente.
Chegando antes do trevo
Você sabe onde é
Tinha uma barraca
Que era do Tião Raé.
Indo para a cidade
Ali bem pertinho
Via um casarão
Que era do seu Adinho.
Ali no senhor Adinho
Que era um velho muito prosa
Ele tinha outro vizinho
Que era o senhor Barbosa.
Este senhor Barbosa
Era bom de serviço
Pois naquele tempo
Ele era oficial de justiça.
Seguindo mais à frente
Indo até ribeirão
Tinha uma chácara
Da família do Baião.
Tinha o Vicente Ramos
Também tinha o Anagro
E tinha um senhor
Que era o pai do Thiago.
Chegando mais à frente
Onde tem uma curva feia
Olhando o lado direito
É a chácara do Zé Coelho.
Você não está lembrando
Tem a mente esquecida
Este era um velho alto
Era pai da Margarida.
Até mesmo bem na curva
Muitos não se lembram mais
Era uma grande serraria
Que pertencia ao Orlando Maia.
Ainda tinha lá atrás
Uma família vermelha
Quase todos da família
Trabalhavam no Correio.
Agora sim eu me lembro
Isto é, se não me engano
Quase em frente à serraria
Era o seu Cipriano.
Você via o Cipriano
Que estava sempre sorrindo
Mais à frente à direita
Era a casa do Tarzino.
Este seu Tarzino
Era um baita dum negão
Ele tinha um vizinho
Que era um padre alemão.
Este padre, naquele tempo
Na cidade morava só
Quem era sua vizinha
Era a Maria Vitório.
Chegando na cidade
Seguindo o mesmo caminho
Na rua ao lado esquerdo
Estava o senhor Juquinha.
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