Poucas pessoas entendem os
motivos da Revolta da Vacina em 1904, no Brasil. Um dos motivos eu dou a
conhecer agora. No Ubatuba Documentário está que os senhores, do começo do século XIX,
usavam negros como cobaias na condução dos vírus imunizantes, quando a varíola
devastava a população no litoral e em Ubatuba. “De forma epidêmica, o último surto verificou-se aqui em 1906”.
O Seo Filhinho, escreveu:
Em 19 de agosto de 1805, Antônio José de França e Horta, Cap.-Mor de
Santos, comunicava a Manoel Lopes da Ressurreição, Cap.-Mor de São Sebastião,
ter enviado à Bahia seis escravos para receberem lá a vacinação contra a
varíola, e, de volta, trariam no próprio corpo, nas secreções purulentas, a
matéria imunizante, que passariam de uns a outros, numa disseminação
vacino-imunizante.
No
regresso da Bahia, ditos portadores escalariam em São Sebastião – como aconteceu
– onde o cirurgião que os acompanhava fez a mesma operação em algumas pessoas,
com a finalidade de assegurar e difundir a vacinação naquela Vila. Ao
mesmo tempo foi ordenado ao Cap.-Mor de Ubatuba que, por sua vez, mandasse a
São Sebastião “alguns rapazes, acompanhados de um professor ou curioso”, para
ver, e submeterem-se à dita operação, os quais, de regresso, devidamente
inoculados, seriam portadores da matéria imunizante.
Era tão grande – e louvável – o interesse pela difusão daquela empírica
vacina, que Horta fez solicitar também ao Cap.-Mor de São Luiz do Paraitinga
que, por sua vez, mandasse alguém aqui a fim de submeter-se à mesma prática e de
volta levar para serra-acima o vírus necessário ao combate à tremenda
enfermidade naquela Vila.
Convém esclarecer que houve
evolução.
Em 29 de novembro de 1848, o Presidente da Província ordenou ao Comissário
vacinador que remetesse a Ubatuba algumas lâminas de pus virulento,
recomendando à Câmara que providenciasse a vacinação. Está claro que com
aquelas lâminas seriam efetuadas as primeiras vacinações e, a seguir, das
pústulas que se verificassem nos pacientes vacinados, seria captado o material
necessário, para empírica vacinação em outros indivíduos.
Ou seja, continuava valendo os
dois modos: pus do indivíduo e pus da lâmina. Eu desconfio que também me revoltaria. Você imaginava mais esse uso dos escravos? "Fizeram deles Cristos!", diria Mestre Sabá, o negro da Pedra Branca.
Como sempre um documentário fantástico. Obrigada amigo por compartilhar sabedoria.
ResponderExcluirGratidão. Vou fazendo a minha parte. Abraços
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