Altino, Zeferino e Marcos, líderes guaranis (Arquivo JRS) |
Crianças da tribo (Arquivo JRS) |
Fui convidado para a festa de
cinquenta anos do povo do Altino. Todos foram convidados por esse povo guarani,
uma das nossas raízes caiçaras! Eu fui!
Bem cedo, quando o Sol espiava
por cima da Ilha do Prumirim, a partir da BR 101, fui subindo o morro em
direção à Tekoá Jaeexaa Porã, a aldeia Boa Vista, me recordando de quando esse
valente cacique chegou junto com a abertura da estrada, contratado para
derrubar árvores no traçado. Nas noites de sábados, lá estava ele e mais dois
ou três na Praça da Matriz, vendendo seus artesanatos. “Índios, meu Deus!” Uns desprezavam, muitos olhavam com
curiosidade, outros paravam para conversar e comprar alguma lembrança. Altino,
jovem ainda, mantinha a sua altivez, zelava pelo seu grupo. Vinham de outra
aldeia, do Sul de São Sebastião, continuavam a diáspora dos guaranis, ocupavam
as bordas do litoral.
Conforme fui subindo, me
recordei da primeira vez que enfrentei a estrada para visitar o povo do Altino.
Era o ano de 1981. É, já faz um tempinho! Voltando ao hoje, logo avistei a escola e alguns
carros. Desci a trilha em direção à aldeia. Eu era o primeiro, lógico! Assim
que passei a ponte, o Erick veio me saudar. No trajeto para o refeitório, acima
da Casa de Reza, ele me contou de como foi o dia anterior. No local onde
serviam o café da manhã, avistei Marcos Tupã, o filho do cacique. “Há quanto tempo!”. Ao seu lado me
sentei, sendo logo servido. Uma equipe de homens, mulheres e crianças se viravam
no trabalho, nos atendiam com muita satisfação. “Nossa, Marcos! Quanta gente!”. A maioria naquele momento era
crianças e jovens. “É, pois é! Agora, Zé,
somando os daqui e os de Itamambuca, já somos trezentos!”. O povo do Altino cresceu bastante. “Que benção! Em 1981, vocês não passavam de dez
pessoas!”. E a cada instante nós parávamos a prosa para cumprimentar os que
adentravam. Era um entra e sai intenso. A cachorrada também precisava ser
enxotada sempre. “Hoje tem mais gente
ainda! Os parentes da aldeia de Bracuí vieram celebrar conosco. Ontem eles se
apresentaram. Hoje é a nossa vez. Logo mais começa a apresentação do nosso
coral”.
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