Na natureza, nós nunca nos cansaremos de ver exemplos de busca de vida,
de querer viver: é uma árvore que solta um mergulhão ou um broto encantador
ao perceber que a sua existência está ameaçada por alguma coisa, por uma
praga... ou uma orquídea que, ao passar por condições duras, ameaçadoras, se
embeleza ao máximo na próxima florada... é um carrapicho que se gruda nos bichos
para ser levado a vicejar em outros territórios etc. Outro exemplo: quem nunca
viu, pelas costeiras, aquelas plantas que se desenvolvem nas brechas, nas
rachaduras das pedras? E quando menos se espera, lá está um arbusto, uma
árvore. Nunca me cansei de admirar, no ilhote do Mar Virado, um coqueiro
altíssimo, sempre produzindo naquelas condições que parecem impossíveis! Agora,
até mesmo distante dele, imagino o mar trazendo um coco seco, jogando
furiosamente entre as pedras mais altas, onde conchas já se transformaram em
farelo...De repente sai o broto, se apoia no material que está ali, se sustenta
e cresce aquele tanto capaz de extasiar nossa visão. Isso é querer viver! Volto
a dizer que as turbulências querem nos sacudir, nos impulsionar. A começar pela
velha biblioteca da minha cidade, as leituras me fizeram entender que nas
rachaduras das turbulências podemos semear boas sementes, contribuindo assim
para gerar um mundo melhor.
Você consegue com facilidade imaginar mil reais. Também não é difícil
imaginar um milhão de reais. As coisas vão se complicando quando é preciso
imaginar um bilhão, um trilhão e por aí afora. São quantias que parecem nem
caber no mundo. Ao ouvir que os Estados Unidos vão desembolsar trilhões para as
pessoas e as empresas deles a fim de conter a propagação do coronavírus, fico
pensando: de onde eles tiraram esse dinheiro?
Não
precisa ser muito esperto para saber que as riquezas se formam a partir da
exploração dos outros (pessoas e países). Alguns são trilionários neste
mundo. Já bilionários são algumas centenas. Mas muito mesmo são os pobres, os
empobrecidos que se esgotam para dar lucro a alguém! Imagine o longo tempo em
que uma minoria parasita, vive às custas de quem trabalha! Você
poderia viver melhor, ter outras opções de lazer com a família, proporcionar ótimos
estudos aos filhos, se realizar em atividades dignas etc. E por que não
enxergamos isso? Respondo: porque existe uma ideologia dominante! Vou explicar
a partir de um exemplo desses dias: fulano de tal, que conheci desde menino e agora
já é policial gordo, me avistou de máscara diante da farmácia e foi dizendo: “Daqui a dez dias isso passa. O governador
agora quer fazer teste até em mortos”. Logo percebi a sua intenção:
defender o presidente que diz que isso (a pandemia de coronavírus) não é nada,
que todos devem voltar a trabalhar, repetindo a obtusidade de poucos líderes
mundiais. E ainda falou do aperto em que está passando o seu velho pai,
vendedor autônomo. Eu sei, conheço-o desde quando a filharada era pequena. (Eu
teria vergonha de posar com carro do ano, estar visivelmente bem e ainda deixar
o velho nessa correria). Quem faz a cabeça desse indivíduo? Por que não
continua lendo, não estuda, não reflete mais para entender que a riqueza
acumulada nas costas dos pobres daria para deixá-los muitos meses resguardados
desse mal que se alastra demais? (Acabei de ouvir: num só dia, novecentos e setenta morreram na cidade da Lombardia, na
Itália. O ministro da saúde do Brasil não compareceu ao encontro mundial de
seus pares para refletir e tomar mais medidas contra a doença).
São trilhões e bilhões que servem a uma minoria. “O mundo tem de perder gente para que esses privilégios atuais
continuem possíveis”. Você pensa que essa “segurança” do presidente é
verdadeira? E o que dizer daqueles que fazem carreatas em vez de fazer
passeatas? Todos eles protegidos, acomodados em máquinas que riem do seu moderníssimo
carro popular, se escondem dentro de veículos fechados, com ar condicionado
etc. e saem apitando, convocando os pobres para movimentar o comércio, garantir
o lucro deles. Você deve se posicionar entre a riqueza, o pensamento de poucos
e o seu velho pai que jamais alcançará um milhão de reais, trabalhando até se
acabar ali mesmo, sentado numa banquetinha. Você acreditou que essa ajuda de
custo anunciada na televisão é bondade do presidente? Saiba que é resultado das
lutas de quem quer viver, de quem está semeando boas sementes nas rachaduras da turbulência! Cabe a você decidir entre a opressão e a vida.
Muito bom Zé! Esclarecedor para quem não entendeu quem são os parasitas do filme do coreano Bong Joon Ho.
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ResponderExcluirExcelente filme por sinal do coreano Bong Joon Ho!. Parabéns por mais uma postagem maravilhosa!. Me mudei de Ubatuba em 1989 aos 4 anos (Sou Neto de Dona Maria Grazia e do Senhor Vicente Cianci), morei na Rua Hans Staden (Atualmente onde está localizada a Escola Gaia). Sempre dou um pulo aí nas férias de Janeiro ou Julho (Temos casa de varaneio no Perequê-açu....Atualmente sou Biólogo (Já passei pelo Aquário de Ubatuba e Projeto Tamar na época de Estagiário e também trabalhei no Zoológico de São Paulo) mas atualmente sou Professor de Biologia da Rede Estadual no Município de Suzano (Onde moro atualmente) e Ciências na Rede Municipal de SP, na Zona Leste da Capital (Itaim Paulista). Acompanho seu Blog há 3 anos !. Parabéns!
ResponderExcluirObrigado por tudo, principalmente pela informação sobre seus avós. Era ali perto que tinha um terreno cheio de árvores, cuidado pelo Seo Otávio, um cidadão negro?
ResponderExcluirAcredito que sim...tinha muitos terrenos vizinhos ao nosso que ao longo da década de 90 deram lugar a muitos prédios residenciais, o terreno da nossa casa é (ou era enorme, depois que tivemos que vender a propriedade em 1997 nunca mais tive oportunidade de entrar lá...) Mas lembro que no nosso quintal (Que meu avô nomeou de Chácara dos bagrinhos)tinha mais de 30 espécies de árvores, a maioria frutífera, como Jaboticaba, Abacate, Ameixa, lima, Bananeiras, Pitangueira, limão e muitas outras...lembro de uma família grega que morava na casa próxima, do outro lado da rua e tinham um comércio quase na esquina) pertinho da praça 13 de Maio.
ExcluirIsso mesmo! Eram os Mihalopoulos! A loja deles era a CASA MACEDÔNIA!
ExcluirSim....Meu irmão e eu éramos amigos de um dos netos deles...lá entre 1988-1993.
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