domingo, 1 de dezembro de 2019

MORCEGOS DAS LAPAS, VALEI-NOS

Descanso (Arquivo JRS)
Balaios (Arquivo JRS)



              Era tarde, tardinha, quase serão, quando o tio Dito me convidou: 

          - Vamos até o fim do loteamento, onde foram construídos os chalés. Já estão funcionando

           - E o esgoto, como resolveram?

           - É isso que eu quero que você veja.

         De longe eu avistei, onde começava a nossa vargem, uma espécie de tanque, bem grande, onde revoavam morcegos. 

               - O que é aquilo?

        - É pra onde segue o esgoto dos sobrados, dos chalés. Naquele tipo de tanque enorme, toda tarde ajunta um monte de morcegos. Eles vêm para se alimentar dos pernilongos dali que voam. Imagine só a quantidade de mosquitos que se gera ali. Ainda bem que os morcegos deixam as lapas e rumam para aquele lugar!

            - Mas será que eles dão conta de tudo? 

        - Creio que não, mas já abranda. Imagine só se eles não viessem!

           - E dali o esgoto segue para onde?

          - Ganha a vala, vai pro rio do Boi, se espalha pela vargem toda. É por isso que já não há lambaris, nem bagres, nem mussuns, nem sururus, nem cágados e nenhum dos outros seres que dependiam da água limpa. Faz tempo que eu não encontro  nenhum deles por aqui.

          - E depois?

          - Depois o quê?

          - O esgoto se finda na vargem?

           - Lógico que não! Depois, correndo até onde era a casa do João Firmino, essa porcariada se encontra com o rio do Sertão e vai para o mar.

        - Então é por isso que nem sapinhauá se encontra mais na praia da Maranduba!

           - É! E o que fazer?

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