Descanso (Arquivo JRS) |
Balaios (Arquivo JRS) |
Era tarde, tardinha, quase serão,
quando o tio Dito me convidou:
- Vamos até o fim do loteamento,
onde foram construídos os chalés. Já estão funcionando.
- E o esgoto, como resolveram?
- É
isso que eu quero que você veja.
De longe eu avistei, onde
começava a nossa vargem, uma espécie de tanque, bem grande, onde
revoavam morcegos.
- O que é aquilo?
- É pra onde segue
o esgoto dos sobrados, dos chalés. Naquele tipo de tanque
enorme, toda tarde ajunta um monte de morcegos. Eles vêm para se
alimentar dos pernilongos dali que voam. Imagine só a
quantidade de mosquitos que se gera ali. Ainda bem que os morcegos
deixam as lapas e rumam para aquele lugar!
- Mas será que eles dão
conta de tudo?
- Creio que não, mas
já abranda. Imagine só se eles não viessem!
- E dali o esgoto segue
para onde?
- Ganha a vala, vai pro
rio do Boi, se espalha pela vargem toda. É por isso que já não há
lambaris, nem bagres, nem mussuns, nem sururus, nem cágados e
nenhum dos outros seres que dependiam da água limpa. Faz tempo que
eu não encontro nenhum deles por aqui.
- E
depois?
- Depois o quê?
- O esgoto se finda na
vargem?
- Lógico que não!
Depois, correndo até onde era a casa do João
Firmino, essa porcariada se encontra com o rio do Sertão e
vai para o mar.
- Então é por isso
que nem sapinhauá se encontra mais na praia da Maranduba!
- É! E o que fazer?
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