quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

ADEUS, EMÍLIO

Adeus, amigo! (Arquivo internet)

        Quando eu ainda morava no Perequê-mirim, assim que comecei a estudar no ginásio, por volta da sexta série, a família Campi se mudou para a mesma rua da nossa casa. Dona Helena, seo Alberto e três crianças: Emílio, Otília e Hermínia. Vieram de São Paulo para morar na chácara do seo Aldo Campi, tio deles, das crianças. Logo nos tornamos amigos. 

        Dona Helena, mulher de muita garra, era motorista profissional. Tinha uma perua kombi, e, assim como o tio Nelson, o Renatinho, o Freitas, o Ireno e outros, trabalhava como taxista no ponto que ainda existe defronte ao Fórum, hoje Fundart, próximo da cadeia velha, atual museu municipal. Não me lembro se houve, na nossa cidade, outra mulher taxista!  Seo Alberto era aposentado. Após sua morte, dona Helena casou-se com Rodrigo e se mudou para o Sertão da Quina. 

        O menino Emílio Campi Neto, com a minha idade, também estudava no centro da cidade, na escola Capitão Deolindo, na mesma classe que eu. Viajávamos juntos, enfrentávamos o mesmo trajeto e fazíamos juntos alguns trabalhos escolares. Ele só não precisava trabalhar como eu. Depois de terminarmos o colegial (Ensino Médio), o Emílio seguiu outros caminhos, foi estudar fora, na área de comunicação. Levamos tempo sem se ver. De repente, soube que ele estava de volta, produzindo um jornal na Maranduba. Nossa! Que beleza! Outro amigo em comum, o Juliano, que trabalhava num armazém no Largo do Sapê, sempre me proporcionava um exemplar do periódico que eu adorava. Tendo como parceiro o primo Ezequiel, as matérias caiçaras se destacaram, bem como as ações a favor do nosso lugar. Quem não se lembra de uma temporada dessas, quando a sua frase, denunciando os esgotos jogados diretos no rio era: “Ubatuba fede”?

        Num belo dia, estando em casa sossegado, um carro aparece. Era Emílio e Ezequiel para fazer uma gravação sobre história de Ubatuba. De vez em quando alguém me diz: “Oi, Zé. Assisti uma gravação sua, chamada Maré Legal. Gostei”. É, já faz um tempo, a minha barba ainda era preta. Ah! Os dois também fizeram a matéria a respeito da famosa Festa da Cultura que acontecia na escola Aurelina, na Estufa. Prometo republicá-la em outra ocasião.

      Ontem, ao receber a notícia do falecimento do Emilinho, narrei nosso passado em comum para a minha Gal. E logo comecei a escrever um pouco desse parceiro que sempre lutou por Ubatuba, divulgando nossas belezas, nossas histórias e denunciando as muitas irregularidades. Muita força aos seus! Que os seus projetos prossigam no mesmo ideal!

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