domingo, 24 de novembro de 2019

ADEUS PÉS DESCALÇOS




Arte em casa (Arquivo JRS)

Sabe aquele dizer: "Nesses dias eu tava pensando nisso"? Pois é! Assim o Dito produziu este texto. É simples, assim como são simples as pessoas que foram iludidas para votarem em alguém que agora está contra elas. Quantos Ditos, Marias e Zés foram enganados!?!



      Na década de oitenta do século passado, ainda era comum pessoas andarem descalças no Sertão da Quina. Caiçaras, caipiras e até os migrantes faziam isso. Porém, o chão que pisávamos (me incluindo, claro!) era outro.

     O chão que se pisava era diferente, mais natural, mais convidativo a se voltar às origens e sermos crianças novamente. Quem já teve o prazer de andar com os pés no chão sabe do que estou falando.

       Liberdade é a palavra que define a sensação de conforto proporcionada por uma caminhada sem os pés prisioneiros dentro de um calçado. A sensação mudava conforme o tempo: se chovia, pisávamos na lama ou no barro. E era bom, pois segundo as escrituras, nós viemos do barro. Se chovia forte, vinha areia. E ela massageava nossos pés. Se o sol estava muito quente, o chão nunca esquentava muito. E, depois, quem era maluco de enfrentar o sol de meio dia?

        O fato de não andarmos mais descalços não é culpa nossa. O grande culpado é o asfalto, que para muitos é necessário, principalmente para os apressados. Ou seja, gente que acha que a vida é curta, e, se andar depressa, o tempo é mais aproveitado. É essa gente que trocou uma boa conversa numa roda de amigos por uma mensagem no tal whats. A desculpa é sempre a mesma: “Eu não tenho tempo”. Aí chega em casa e gasta duas horas respondendo mensagens e apagando as mais variadas bobagens. Essas pessoas esqueceram o valor de uma caminhada, o valor de um bate papo; que conversar com um amigo não é perder e sim ganhar tempo. Muitos pensam que buzinar é cumprimentar. Mais uma das culpas do asfalto.

           Para encerrar o assunto, vou dividir o mundo em três tipos de pessoas: as que amam o asfalto, as que acham necessário e as que, como eu e os caiçaras tradicionais, correm dele.

Para reflexão: Devagar também se chega. É só sair mais cedo.

Benedito Evangelista Filho (Galo)

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