Vivemos
momentos difíceis, mas os piores ainda estão por vir. Digo isto porque um golpe
contra os avanços sociais se completou com a eleição presidencial. Acabei de
ficar sabendo que o meu tio está bravo com os filhos que votaram naquele que
foi responsável pelo retorno dos médicos cubanos à pátria: “A minha médica era cubana, foi-se embora por
conta das declarações do presidente eleito. Quero ver se eles vão, agora, pagar
uma consulta para mim! Sabe quando? Jamais!”.
Assim como o
titio, outros caiçaras e muitos outros pobres já estão à míngua em muitos
pontos deste Brasil. Não há atendimento médico suficiente. E quem deve ser
responsabilizado? Sim, aqueles que votaram naquele que coroou um esquema cruel,
demonizando as políticas sociais que estavam sendo implantadas a partir do
governo Lula. Agora, a elite mandante do golpe está feliz novamente. E voltamos
a temer o destino da nossa mata (Atlântica), das matas ciliares que protegem nossos rios, dos nossos poucos jundus que
restam, das terras indígenas e quilombolas, das possibilidades de
estudos dos nossos filhos etc. Está ou não está ficando pior?
Eu,
em duas ocasiões tive oportunidades (1986 e 1991) de me encontrar com
estudantes cubanos, de captar em prosas e debates o altruísmo daquele povo. Minhas aspirações, a
escolha de amizades, além de uma companheira amorosa e esclarecida para o resto
da vida, me levaram a enxergar além da
separação das pessoas entre boas e más, em ver os interesses que as movem. Na
verdade, é o capitalismo, a partir dos interesses da maior nação capitalista
(EUA), que está no comando do Brasil e do mundo. É por isso que o presidente
eleito bate continência ao mínimo sujeito que esteja representando a forte
nação do Norte. Subserviência total!
Foi
uma resistência ao modelo expoliativo dos Estados Unidos que levou os
idealistas cubanos a construírem a sua resistência. Em Cuba você estuda
gratuitamente até se formar, não há analfabetos, exporta médicos etc. Um amigo,
em viagem por aquele país no ano passado, comentando os muitos momentos, assim
se expressou: “Em nenhum momento eu senti
insegurança nas ruas e nos lugares cubanos. Não há morador de rua. Tudo é muito
limpo e arborizado. Aproveitei bem a
viagem”.
Agora,
tendo em mãos um relato de um padre (João Bosco de Deus), faço questão de
pinçar alguns trechos:
Estive nos dias 27/07 a 08/08/2018 em Cuba. Fui com duas amigas aqui da
paróquia visitar a família do nosso
amigo Osmaydes que é médico cubano e atende aqui em Nova Xavantina/ MT pelo
projeto “Mais Médico” [...] Alguns pontos me deixaram impressionado:
- Estruturas antigas e ultrapassadas nas casas e meios de transportes.
- Certa restrição em relação à alimentação. Não passam fome e não têm
miséria. Não têm a variedade e a oferta que temos, mas não têm o desperdício
que fazemos também.
- Assumem com muita seriedade e presteza suas funções na sociedade.
- A segurança com que se pode andar pelas ruas e cidades sem violência.
- A grande defesa do governo e do regime em que vivem.
- A forma intensa com que tratam e reverenciam seus heróis nacionais.
- O grande número de pessoas de religião africana que convivem em
comum com a Igreja Católica. Eles andam
todo de branco pelas ruas.
- Povo muito trabalhador. O trabalho é algo que está na “alma” do
cubano.
- Por último, destaco a humildade e simplicidade do povo cubano ao
mesmo tempo com semblante firme e soberano naquilo que desempenham.
A vocês, meus parentes caiçaras(irmão, primos, cunhado...), que ajudaram no resultado da
última eleição por assumirem essa leitura dominante e superficial do mundo, vocês que
foram feitos marionetes pelos fios da elite deste país: Quem serão os
responsáveis pelo massacre dos mais pobres? A quem vão atribuir culpa quando
milhares de jovens tiverem as portas das universidades fechadas? E o controle
até mesmo do senso crítico via educação escolar, com punição pelo Estado, está
certo isso? Vocês que, graças à mídia,
renegam a condição de pobres e se colocam a favor dos ricos vão fazer o que
agora?
Em
tempo: Os mais necessitados já sentiram
a falta desses médicos cubanos aqui no meu bairro, no Ipiranguinha. Aviso que a
casa não está abandonada, que a resistência continua.
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