Muro da escola "Deolindo" - Projeto da Soninha (Arquivo JRS) |
Olá, Fabíola Moraes! Seja
bem-vinda!
Hoje
em dia, após um ou dois dias de chuva, é comum escutar um monte de gente
maldizendo: “Só chove nesta terra”, “Porcaria de tempo”, “Quando a gente pensa
em aproveitar o tempo, vem essa chuva chata” etc.
Quando
eu era criança, há meio século, nesta minha terra (Ubatuba) chovia demais.
Alguns diziam que esta cidade ocupava o segundo lugar nos índices
pluviométricos deste país. Somente era superado pelo município de São Gabriel da
Cachoeira, na região amazônica. Ou seja, só este lugar superava a nossa cidade
caiçara.
Ainda
lembro bem de um ano (1975), onde a gente desanimou de ver tanta chuva a nos
dificultar nas visitas aos parentes, de brincar com outras crianças e de ver as
novidades nas casas dos outros e no centro da cidade. Bem mais tarde, em 1997,
visitando o Dito Chiéus, o responsável pelos três registros meteorológicos diários
na Estação Experimental do Horto Florestal, tive a oportunidade de comprovar o
desânimo daquele ano distante. “Dito, por favor, é possível consultar os
registros de outros anos?”. “É sim, Zé, Qual você quer?”. Ao dizer o ano, logo
ele me aparece com um caderno de registros amarelado. “Meu Deus!”.
Lá
estava a prova: em 1975 houve registro de precipitação de chuva em trezentos
dias. É mole? Quer dizer que em apenas sessenta e cinco dias não veio água do
céu. Então tinha fundamento a cidade ser apelidada de Ubachuva! Hoje não é mais assim.
Como
consequência desse sistema chuvoso, em respeito à força das águas, as margens
dos rios eram respeitadas. Também as várzeas, transbordantes nas enchentes, ficavam
intocadas. Não se ouvia falar de gente desalojada devido aos fortes temporais.
O que vemos hoje são as ocupações dos espaços pertencentes aos rios e que se construíram
pelos milênios. Também vemos os morros ganhando outras feições. É preocupante
esse quadro! O que será dessa cidade, da cultura que aqui se gerou se valendo
dos recursos naturais?
Nenhum comentário:
Postar um comentário