Mestre Bigode - Fotografia: Cristina Prochaska e Lucas Conejero. |
Achei fantástica a fotografia do Bigode, o mestre-artesão! Parabéns às pessoas que não se esquecem de importantes detalhes da nossa história!
João de Souza, um de seus amigos do tempo do programa radiofônico "Ranchinho Caiçara", se referia ao nosso personagem como "o mestre em fazer careta no pau".
Já faz tempo que eu escrevi a respeito desse caiçara que tanto já fez pela nossa cidade, mas que tão poucos hoje reconhecem a sua importância. "É mais um desconhecido entre tantos desconhecidos" já dizia o velho Sabá. Olhando um antigo encarte, achei uma preciosidade que vem a calhar:
Antonio Theodoro de Souza, o “Bigode”, nasceu na Barra Seca em 1932. Tornou-se artesão a partir de um desafio: Dona Sara, jovem comerciante de objetos de arte, trazendo da Bahia um facão entalhado em jacarandá, perguntou ao humilde caiçara se ele tinha condições de reproduzir um igual. Na hora ele respondeu que sim, mas que não tinha uma madeira tão dura. “Assim que achar, eu faço um para a senhora”.
O caiçara corajoso, de posse de um machado, partiu para a mata para encontrar a dita madeira dura. Após andar o dia todo, sentou-se à sombra de uma árvore, próximo de um córrego de águas límpidas e fresca. Ali se entregou às lamúrias por seu aparente fracasso: uma busca que o ajudaria a ganhar um desafio. Pois foi exatamente ali, onde Bigode escolheu para descansar, que o senhor bom Deus plantou uma árvore de madeira tão dura que hoje o faz tão famoso: a palmeira brejaúba.
Ele não só fez o facão como também um par de talheres de mesa, o que causou muita emoção em Dona Sara pela beleza do trabalho. A beleza da madeira também teve participação importante nesse sucesso!
A partir do ano de 1964, Bigode nunca mais parou. Venceu muitas exposições e ganhou muitas medalhas.
Bigode é pai de quatorze filhos. Na época (final da década de 1970), ele via na sua filha Laura, com apenas desesseis anos, a continuação de sua arte. “A sua residência, no Perequê-açu, é um verdadeiro estúdio, onde estão expostos as suas principais obras, muitas delas avaliadas em milhares de cruzeiros”.
Suas obras ganharam o mundo. Graças ao seu talento de escultor, ele conseguiu o “1º lugar (medalha de ouro) no PAÇO DAS ARTES (SP) e 2º lugar na mostra MAIORES SANTEIROS DO BRASIL, concorrendo com 60 artistas”.
A fotografia maravilhosa pertence a Cristina Prochaska e Lucas Conejero, postada no alvorecer de 2014. É de onde vem esta finalização:
“Sexta Feira eu e meu parceiro de equipe tivemos a honra de entrevistar e fotografar Mestre Bigode, reconhecido ao lado de Aleijadinho, como um dos maiores escultores santeiros do País. Nascido e criado na Barra Seca em Ubatuba. Orgulho e muita emoção.Aos 81 anos e cego, o Mestre continua ensinando...”
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