domingo, 8 de dezembro de 2013

CONCRETISMO CASTIGANTE




Estudando um pouquinho mais, conhecendo Décio Pignatari, um dos frequentadores da Praia da Fortaleza, um menino caiçara, sofrendo regularmente com as frieiras tão comum no litoral, escreveu:

COCEIRA CONCRETA

Meu dedo passa discreto,
Forma na parede mofada
Um sinal refletido pela luz.
Não é pretexto, nem texto;
Não é alguém, nem ninguém;
Não é você, nem você é.

Agora olho...olho...
Não vejo nada!

A vela chegou ao fim;
Na lamparina não há querosene;
Da Lua nenhuma claridade chega,
Pois a “Cheia” tá longe.

Então vai chegando:
Uma madorna,
O sono pesado
...E o ronco indiscreto.

Meu dedo coça,
Desliza sobre o corpo;
O cansaço da posição me agita.
Um galo quebra o encanto
Do meu discreto acalanto.

Eu sinto...Sinto muito! 

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