Numa tarde de primavera, em 1978, juntamente com Severino, Nilséia e dona Santa, eu fui pela primeira vez até a cidade de Parati. O trecho da rodovia - BR 101 (Rio-Santos) - tinha um ano de inauguração. Nessa época teve inicio os meus conhecimentos, as minhas amizades com os moradores da porção norte do município de Ubatuba, onde ainda nenhum turista havia se apossado das áreas nobres da natureza. Cabia aos caiçaras viverem na sua forma tradicional, sustentados por suas técnicas e artes, por suas paixões e devoções. Desse tempo vem a minha felicidade de, na comunidade da Praia do Puruba, ter convivido com o tio Durval, a tia Belinha, o tio Antonio, o tio Severiano e tantos outros nativos. Caiçaras mesmo!
Desde o primeiro contato até hoje, muitas coisas se transformaram no Puruba. Ouso dizer que as mudanças só não foram maiores porque as terras são mantidas entre familiares, justamente porque refletem a respeito da tradição e dos valores que os tornam um diferencial dentre as praias.
A comunidade da Praia do Puruba abriga uma das antigas capelas católicas do município, denominada de Exaltação da Santa Cruz. É onde, a cada ano, na data festiva de 14 de setembro, sempre acontece algo marcante a partir de eventos da cultura caiçara. Quando o setor cultural da municipalidade se interessa mais, os eventos são incrementados, atraem turistas e moradores até de pontos mais distantes. Senão... a humilde população local festeja assim mesmo. As pessoas precisam disso!
A religiosidade é um cimento nas relações caiçaras. É mais uma possibilidade de experimentar e de aprender as relações coletivas, de buscar caminho para um bem viver comum.
Passando um dia naquele lugar, proseando com o povo dali, só posso dizer:
- Viva a solidariedade que desabrochou em sabedoria respeitosa ao meio ambiente e na construção de uma identidade!
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