Olá, Cidinha de Jesus! Seja bem-vinda! (Arquivo JRS) |
Hoje,
estando eu na escola “Deolindo”, avistei alguns indígenas no pátio. Logo pensei:
devem estar aí para uma reunião a respeito de educação nas aldeias. De vez em
quando acontece, faz parte da Diretoria de Ensino dar rumos nessa área. Apurando
mais a vista, reencontrei a Fabiana, filha do cacique Awa (Uauá), do Corcovado. Que
bom! Após os cumprimentos, fiquei sabendo que por esses dias, até sexta-feira,
as lideranças estarão em encontro para aperfeiçoarem suas comunidades e suas organizações.
Aproveitei para perguntar de seus irmãos, de como vai o seu pai Antônio Awa .
Nisso, olhando nos demais rostos, um se destacou: era o cacique Altino.
Não
teve como eu encerrar logo o assunto! O Altino, sempre muito humilde, me
impressiona! Ao olhá-lo, retorno no tempo, na segunda metade da década de 1970,
quando sobre a sensibilidade guerrilheira do saudoso Otacílio Lacerda, o grupo
de guaranis veio guiado para formar a aldeia no
alto do Prumirim.
Aos
sábados e domingos, aquele grupo recém-chegado à cidade, com seus trabalhos
artesanais, sobretudo cestaria, se postava defronte a Farmácia do Filhinho. Era
a única fonte de renda para aliviar-lhes as agruras. Naquele tempo estava sendo
concluída a BR 101, no trecho Ubatuba-Paraty. À frente, capitaneando a todos,
estava o cacique Altino.
Entre
as mulheres, crianças e jovens, Altino olhava tudo de forma silenciosa. Quando
eu e amigo Avedis puxamos conversa numa ocasião, ele disse de suas esperanças
no nosso lugar. Era a primeira vez que conversávamos, que víamos de tão perto
um índio. Depois dessa ocasião, muitas outras aconteceram sempre no mesmo ponto.
Naquele tempo, o lugar de encontro, o mais movimentado, o coração da cidade era
a Praça da Matriz. Quando dava sede ou queria ir ao banheiro, eu atravessava a
rua para ir na Pensão do Braga. Do outro lado da praça, sempre bem frequentado
se localizava o nosso Cine Iperoig. Enquanto todo mundo girava na intenção de
encontrar novas amizades ou a sua cara metade, a banda musical, a “Furiosa”, com Pedrinho, Alexandre Marques, Mané Mariano, Paulinho da Máquina, Valtão, Maurinho e outros, fazia a alegria de todos.
No
nosso primeiro encontro, o Altino disse assim: “Isso é muito bonito!”
Hoje,
ao ver, entre tantos jovens na escola,
aquele grupo representando as duas aldeias do nosso município, eu disse ao
Altino:
- Que
bom que vocês ficaram aqui e continuam firmes em seus propósitos! Que bom a
nossa amizade resistir até agora!
Finalmente, a Fabiana Awa me convidou para o encerramento da II Conferência Estadual de Educação Indígena que deve ocorrer na sexta-feira (5/4), das 14 às 17 horas, nas dependências do Hotel São Charbel, bem ali na Praça Nóbrega, no centro de Ubatuba.
Finalmente, a Fabiana Awa me convidou para o encerramento da II Conferência Estadual de Educação Indígena que deve ocorrer na sexta-feira (5/4), das 14 às 17 horas, nas dependências do Hotel São Charbel, bem ali na Praça Nóbrega, no centro de Ubatuba.
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