Arte da Maria Eugênia |
A
minha amiga Regina Natividade, há coisa de duas décadas, esteve exercendo o
magistério num ponto isolado da Ilhabela. Graças à Rê eu conheci o Saco do
Sombrio e aquela maravilhosa caiçarada. Gente boa demais!
Para chegar no Sombrio só de embarcação. Os
“caminhos de servidão” que, noutros tempos ligava aquele pessoal às outras
comunidades, já desapareceram na Mata Atlântica. Das gerações que por eles
trafegavam quase já não existe ninguém. Os causos e as histórias desses caminhos estão nos últimos
suspiros. A chegada das canoas motorizadas e dos barcos pesqueiros levou a
isso.
Pois
bem! Nesse lugar, onde poucas famílias ainda resistem, apesar das muitas dificuldades, eu escutei
pela primeira vez, numa prosa com a matriarca Margarete, os causos de pirataria:
“O nosso lugar
foi primeiro um ponto de abrigo para piratas. Eles saqueavam as embarcações nas redondezas. Vinham carregados. Se escondiam aqui, onde boa parte do dia fica
sombreado por causa do morro alto que está bem em cima de nós. É de onde vem o
nome de Saco do Sombrio. E não é assim até hoje? Nós não vivemos escondidos,
mesmo sem querer, aqui?”.
O
Dito, do velho Possidônio, marinheiro que há tempos deixou o Sombrio, acrescentou:
“Na minha meninice, algumas pessoas com intenções estranhas apareceram
nessas bandas. Mergulharam, escavaram em alguns pontos do morro. Quase derrubaram a velha timbuíba da Badeja do Periquito. Sem dizer nada, do jeito que vieram se foram. Coisa esquisita. Acho que
buscavam algum tesouro escondido. Essas histórias vem de outros tempos. Não é bobagem não! Do meu
avô eu escutei umas passagens intrigantes. Dizia ele que os mais antigos já
sabiam que no tempo d’antes era só piratas que viviam aqui. Então pode ser que
ainda exista coisas desse tempo. Só um tesouro muito grande para aliviar a vida
do nosso povo”.
"Ah! Você pode esquecer! Não trabalhe para ver! Farinha, feijão, banana, peixe e tudo que a gente carece não cai do céu!".
Sábia a dona Margarete, né?
"Ah! Você pode esquecer! Não trabalhe para ver! Farinha, feijão, banana, peixe e tudo que a gente carece não cai do céu!".
Sábia a dona Margarete, né?
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