Casarão - Arte da Adriana na Toninhas |
Neste blog eu já escrevi a respeito de diversas ruínas de fazendas que tive oportunidade de conhecer em Ubatuba, desde a mais famosa (do capitão Romualdo/Estevené, na Lagoinha) até a desaparecida dos Antunes de Sá na Caçandoca. Porém, tenho consciência de que outras ainda nem foram tiradas do mato. Pressinto que, nessa onda de invasões de posses antigas e até mesmo de destruição da mata nativa, corre-se o risco de mais documentos desse município sejam destruídos.
Eu tenho as ruínas como documentos, como provas de um outro tempo. Dias desses, passando pela Estação Experimental, na rodovia Oswaldo Cruz, pensei na capela na beira da estrada, onde outrora abrigava um cemitério de escravizados. Isso mesmo! Antigamente, as pessoas brancas eram sepultadas na cidade, mas os negros que produziam as riquezas jaziam em terrenos reservados nas fazendas. Na mata da Raposa, no morro da Lagoinha e em outros sítios, trabalhadores e trabalhadoras tinham o seu descanso eterno.
Se tinha escravizados, tinha fazendas, era produzida riqueza. Prova disso era o casario no centro da cidade que, infelizmente, somente os mais idosos podem se recordar, pois não houve preservação para a posteridade. A cana, no século XVIII, foi intensamente cultivada, principalmente para a produção de aguardente. Um golpe à economia local veio por uma medida governamental, do governador Bernardo José de Lorena, obrigando os produtos serem negociados apenas no porto de Santos. Mais tarde, na fase cafeeira, um ressurgimento econômico anima a população. Pelo porto dessa cidade, grandes carregamentos garantem patamares extraordinários. No biênio 1835/1836, Ubatuba desponta como maior exportador de café do país, conforme os dados fornecidos por Afonso Taunay. É, sobretudo nessa época, que despontam as grandes fazendas. As ruínas são as provas. Portanto, deveria ser de interesse histórico e econômico (turístico) o mapeamento desses vestígios, os tombamentos dessas áreas e um redirecionamento, inclusive na área da educação escolar. Somente tais medidas preservariam esses tesouros tão destratados até então. São documentos a serem mostrados.
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