Ninhos na folha do jarobá (Arquivo JRS) |
Assim que chegamos ao sítio da Lourdes, em Aiuruoca, ao avistar a palmeira jarobá,
notei uns ninhos dependurados nas pontas das folhas. Nunca tinha visto igual. Fui
logo perguntando a respeito”. “É de guacho.
Depois dos filhotes voarem, eles abandonam os ninhos, e, em três meses já não
há nenhum sinal deles nas folhas da palmeira". Então, prestei atenção ao passarinho preto, de rabos amarelos.
O que eles chamam de guacho, nós, caiçaras, conhecemos por japuíra, japim ou guache. Os conhecidos nossos são
pretos, com um sinal vermelho nas costas, mas também tem muitos amarelos! Porém, a fala é a mesma, como sabiá chamando os filhotes para comer. Só
que eu não conhecia o canto deles. É um assobio como se um foguete buscapé estivesse
subindo. Tive a impressão que o pássaro, assobiando de uma árvore ao longe,
quer transmitir à fêmea, no ninho, que ele está atento, protegendo-a, torcendo pelo sucesso dela que choca os ovos. Faz me lembrar do seguinte caso caiçara:
Vovó Martinha, uma das parteiras
da banda sul do município, sempre estava disposta a acudir quem estivesse
precisando. Numa ocasião se baldeou para o Saco das Bananas, para atender a
mulher do Gregório. Tudo correu bem. Uns dias depois ela já estava de volta ao Sapê,
na lida dela. Quem me contou esta história foi o vovô Estevan. Dando boas
risadas, ele apenas pediu a confirmação da vovó: “Não é verdade, Martinha, que o primo Gregório, toda vez que a mulher
tem criança, também fica de resguardo?”. “É sim! Até parece que ele sente as
mesmas dores e os mesmos alívios que a mulher!”.
E
continuava o vovô: “O Gregório até parece
um japim zelando pelo ninho, pelos
filhotes que vão nascendo e crescendo. Nesse tempo ele não pesca, não vai na roça, não faz
esforço algum. Dura todo o resguardo da mulher. Só depois da quarentena é que
ele sai, ainda mais branco que já é”. Novas risadas. “Até da garrafada preparada, remédio para a mulher,ele bebe. Acho que ele até
bebe mais do que ela, que precisa”. E a vovó: “Pode ser mesmo! Quem gosta da mardita arranja cada desculpa! Ainda ontem - modo de dizer, né? -, não visse o Ditinho Madalena passar por aqui, a pedido dele, para levar mais uma garrafada?”.
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