Arte maravilhosa do Tiano (Arquivo JRS) |
Guinho no avião do Santos Dumont (Arquivo JRS) |
Surpresa
no começo da noite, grande mesmo! A mana Ana me enviou uma imagem fantástica!
Trata-se de um quadro do Tiano. Que sensibilidade, amigo!
Na
praia do Cruzeiro, a Yperoig tupinambá,
está o sino comemorativo dos jesuítas, o padre Anchieta, o mano Guinho (Wagner)
no monumento que homenageava Santos Dumont. Tudo em ruínas, se esfarelando. Mais
ao longe, na linha mais esticada, se vê a escultura do caiçara, a estátua do Zé Vieira (Zé Capão), vô do
Tiano, que está numa rotatória, na entrada da cidade. Do céu sai uma mão divina
em cujos dedos estão os fios a ligar as figuras da nossa história, tal como as
Moiras na mitologia grega.
Conheci
o Cristiano “Tiano” há um bom tempo, quando ele, adolescente ainda, estudava na
escola do bairro, do Ipiranguinha. Eu já era amigo da sua mãe que, em idos
tempos, foi companheira da minha mãe. Ambas eram serventes municipais, na
escola Anchieta. Suas irmãs também são conhecidas, seguem na luta pela vida.
Assim que vi a imagem, pensei sobre o (s) significado (s) do conjunto. “O que será que o Tiano quis expressar para
nós?”
É,
Tiano, em nossa breve existência nós somos testemunhas de descasos com os
nossos patrimônios culturais, com a nossa cultura caiçara. O padre Anchieta agora segura um toco de vara.
Como vai escrever na areia de Yperoig? O sino resiste porque é pesado, mas quem
nota os detalhes da obra? “Virou lugar de
mijo, meu filho!”. Imagine você que pouca gente conheceu o monumento ao Pai
da Aviação. Ainda bem que registramos o Guinho sentado ali, no começo da década
de 1980, quando a praia do Itaguá era limpíssima, com a população se banhando,
brincando e pescadores puxando suas redes por ali! Até a praça teve sua
denominação modificada! E agora, apesar de ter outro homenageado, todos a
chamam de Praça da Baleia. Mais distante ainda da nossa realidade, quase se
apagando por trás do morro, está o caiçara tradicional, simbolizando os PAIS E
MÃES DA TERRA, os tamoios. “O que posso
fazer diante de tudo isso?”. De acordo com a prosa do Nenê Veloso, o seu
avô gritaria com convicção: “Tá no náilo do
Zé Vieira!”. A linha dele, forte, garante! Porém, o céu está para tormenta, sem um bom sinal no mar de
Yperoig, a água de tubarões dos antigos tupinambás. Faltaram os coriscos caindo,
tal como a descrição do fim do mundo da saudosa tia Maria da Barra, a Tia Iaiá.
Ainda
bem que tem gente lutando neste chão pela cultura caiçara!
Você é resistência, Tiano! Também grita: "Tá no náilo do Zé Vieira!".
Viva
as nossas guerreiras! Viva os nossos guerreiros!
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