Jundu da Mococa (Arquivo JRS) |
Toda vez que eu passo numa praia,
onde o mar bravo está comendo o jundu, me recordo das lições aprendidas de
tantos dos meus antigos, dos homens e mulheres da minha cepa caiçara.
O Nhonhô Armiro, fazendo seus
trabalhos no terreiro falava: “Na praia
Dura, onde hoje é mato, um dia foi mar. Eu me lembro bem quando a Pedra do
Robalo era dentro da água! Agora fica longe, cercado de jambuí, de tralhas de
cipó. Mas de vez em quando, na maré cheia, quem é que passa por lá? Sabe quem
protege aquele morro toda vez que o mar bate? É a mata de jambuí, meu filho”.
O estimado Genésio, do Camburi,
olhando da roça me explicou: “Tá vendo o
mar batendo, lá embaixo? Pois é. Ali, o que salva a praia é o tanto de jambuí
que tem. Senão... aquilo tudo já teria ido embora, porque aqui, o mar quando
entra de leste, parece querer arrasar tudo”.
A comadre Gardina, sentada no
banco, no jundu do Acaraú, num final de tarde distante, assim nos disse: “Estais vendo esse mato todo, essa linha de
jambuí? Estais vendo? É o que salva a casa da gente do mar. A força do mar é grande, mas bate
nas galhadas e morre por ali, não carrega areia nenhuma e ainda deixa aquele
tanto que trás. Se um dia isso se acabar, acaba também todo o nosso lugar, porque o mar não é brincadeira e tem muita força quando está bravo!”.
Quanta sabedoria desses caiçaras!
Quantas lições da natureza!
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