Visitando sertões (Arquivo JRS) |
Maracujá roxo (Arquivo JRS) |
Tenho
andado sempre atento para um monte de coisas desde que nasci. A gente é assim,
vai se fazendo a partir da nossa herança cultural, das nossas curiosidades etc.
Já publiquei um pouco de cada coisa, mas nem sempre me lembro de tudo que
publiquei. Nesses dias, por exemplo, após uma visita ao sertão da Sesmaria do
Ubatumirim, me recordei do saudoso Antônio Clemente, de quando o conheci em
1981. Na mesma época, perto dali, no Mané Grande, sertão do Pasto Grande, encontrei
pela última vez o maracujá amarelo, daqueles pequenos e saborosos que se
espalhavam nos capinzais e arbustos. Logo me veio à mente outra espécie de
maracujá mais o comum: o roxo miúdo. “Ah!
Tão saboroso!”. Na propriedade em que fui nesta semana, acompanhando
alunos, recebi como resposta: “Aqui
também não tem, faz tempo que não se vê”. Pensei na hora: “Também o espaço, mato natural dele, não
existe mais! Agora se encheu de casa!”.
Dias
atrás, a amiga Joana me fez a surpresa: “Olha
o que eu catei para você: dois maracujás roxos. Estavam ali, no jundu do
Perequê-açu!”. Me alegrei mesmo! Agora, juntamente com as sementes do
maracujá branco recolhidos pelo primo Zé Roberto, eu vou preparar o berçário e
distribuir por aí, nos caminhos das restingas e jundus que ainda são
preservados, as mudas tão preciosas. Só me falta agora o maracujá amarelo,
natural de nossas restingas e de nossos morros.
O
finado Mané Bento dizia: “Maracujá é bom
para dormir e ter bons sonhos. Os índios comiam e sonhavam sempre. E, de acordo
com o que viviam sonhando, eles se animavam para viver acordados: dormiam para
sonhar e sonhavam para viver”. Eu acreditei nesse meu finado parente e
sempre procurei replantar maracujás, sobretudo o que me rodeavam desde criança.
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