sexta-feira, 21 de junho de 2019

É ROXO MESMO!

Visitando sertões (Arquivo JRS)

Maracujá roxo (Arquivo JRS)


               Tenho andado sempre atento para um monte de coisas desde que nasci. A gente é assim, vai se fazendo a partir da nossa herança cultural, das nossas curiosidades etc. Já publiquei um pouco de cada coisa, mas nem sempre me lembro de tudo que publiquei. Nesses dias, por exemplo, após uma visita ao sertão da Sesmaria do Ubatumirim, me recordei do saudoso Antônio Clemente, de quando o conheci em 1981. Na mesma época, perto dali, no Mané Grande, sertão do Pasto Grande, encontrei pela última vez o maracujá amarelo, daqueles pequenos e saborosos que se espalhavam nos capinzais e arbustos. Logo me veio à mente outra espécie de maracujá mais o comum: o roxo miúdo. “Ah! Tão saboroso!”. Na propriedade em que fui nesta semana, acompanhando alunos, recebi como resposta: “Aqui também não tem, faz tempo que não se vê”. Pensei na hora: “Também o espaço, mato natural dele, não existe mais! Agora se encheu de casa!”.

               Dias atrás, a amiga Joana me fez a surpresa: “Olha o que eu catei para você: dois maracujás roxos. Estavam ali, no jundu do Perequê-açu!”. Me alegrei mesmo! Agora, juntamente com as sementes do maracujá branco recolhidos pelo primo Zé Roberto, eu vou preparar o berçário e distribuir por aí, nos caminhos das restingas e jundus que ainda são preservados, as mudas tão preciosas. Só me falta agora o maracujá amarelo, natural de nossas restingas e de nossos morros.

               O finado Mané Bento dizia: “Maracujá é bom para dormir e ter bons sonhos. Os índios comiam e sonhavam sempre. E, de acordo com o que viviam sonhando, eles se animavam para viver acordados: dormiam para sonhar e sonhavam para viver”. Eu acreditei nesse meu finado parente e sempre procurei replantar maracujás, sobretudo o que me rodeavam desde criança.

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