Fotografia Exposição Rio de Janeiro |
De
vez em quando uma pérola quase que passa sem ser percebida. Assim foi com o
texto Pela lente do amor, escrito por Simonetta Persichetti, na revista
ARTE!Brasileiros, de outubro de 2015. O assunto é Cláudia Andujar, já
apresentada por mim em A menina Nini (em 07/10/2016, e nas duas postagens posteriores a esta data), mas... saber mais nunca é demais, não é mesmo?
Cláudia
Andujar nasceu na Suiça em 1931, cresceu entre a Romênia e a Hungria. Depois,
fugindo do nazismo foi para em Nova York, onde se interessou pela pintura. Em
1955, decidiu transferir-se para o Brasil para encontrar a mãe e daí fixar
residência e descobrir a fotografia. “A câmera fotográfica foi para mim a forma
de conhecer e me aproximar das pessoas no Brasil. Eu não falava português, e a
fotografia me ajudou muito”.
Na
mostra Cláudia Andujar: No lugar do Outro, ocorrida em 2015, no
Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro, resultado de uma pesquisa em seu
acervo, com quase dez mil fotografias, há uma divisão em quatro núcleos. O que
interessa para nós, caiçaras de Ubatuba, é a fase entre 1962 e 1964, onde a
fotógrafa registrou o cotidiano de quatro famílias de contextos muito
distintos: uma baiana, dona de uma próspera fazenda de cacau; uma da classe
média paulista; uma de pescadores caiçaras, isoladas em uma praia de Ubatuba
(SP); e uma quarta família, mineira e religiosa. A intenção era entender como
viviam os brasileiros, almejando publicar o trabalho em uma revista, mas o
perfil diverso do conjunto não interessou à publicação.
Foi a arte que me despertou para esta
minha tarefa. A partir da sensibilidade de uma estrangeira que passava com uma
câmara fotográfica pelo mesmo caminho onde se encontrava a Nini, a imagem ficou
registrada, foi para outras partes do mundo e despertou a atenção de um
pesquisador. E, graças à sensibilidade da amiga Mary, ela chegou até as minhas
mãos.
Nini, onde estás? No Study Collection (coleção de estudo), “um acervo
destinado a trabalhos de pesquisas, mas não necessariamente para exposição”.
Tinhas sido vendida entre 1962 e 1966. Lá, no Museu de Arte Moderna (MoMA), em
Nova York, estavas perdida. Dentre tantas coisas, te esqueceram. Museu é assim
mesmo, né? Até a fotógrafa, de acordo com o jornal, falou: “Não me lembro
bem”. Ainda bem que nós nunca te esquecemos!
Olha só como essa caiçarinha, filha da tia Thereza Lopes, viajou! Valeu, né Nini?
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