Eu e João (Arquivo JRS) |
João
Barreto, filho do Cândido e da Maria, faleceu ontem. Desde criança aprendi a
chamar este meu primo de João do Cáindo, conforme era o costume da praia da Fortaleza. Quando
jovem, era um excelente nadador, gostava sempre de pescar com o pai. Era
humilde, mas tinha uma presença elevada e contagiante. Gostava de cantar e
nunca dispensava uma festa. Mais tarde se firmou no comércio, com um bar na
Rampa (área do mercado de peixe na cidade). Há poucos dias tive o prazer de lhe
fazer uma visita em sua nova moradia, de conversar sobre as nossas coisas de
caiçaras. Ainda tomei um café com a Maria e as meninas (Luciana e Marina). Nos
despedimos emocionados, pois recordamos de muitas coisas e pessoas boas.
O
João era talentoso para poesias e histórias. Creio que a família tem um acervo
interessante nesse aspecto, um legado a ser conhecido desse caiçara tão
genuíno. Em vida publicou, sob coordenação do Carlos Rizzo, uma coletânea de
palavras nossas sob o título O falar caiçara.
Capa do livro (Arquivo JRS) |
Na
prosa do João, nunca se sentava só um cadinho, nem tomava um café intirume. Ao
menos um cuí do que a Maria trazia na cuia a gente tinha de provar: de vez em
quando era pixé, ou bentrecha de cação, mas o costumeiro era biju. Era pra
comer porque o tempo de goderar já passou. “Agora
pirão é moda, né Zezinho? Foi-se o tempo onde tínhamos de mariscar, de armar
mundéu e de largar o tresmalho quase todo dia, de esperar que o espia sinalizasse
da ponta para desgrudar as canoas do lagamar. E o tempo do corte de banana,
quando os cachos eram trazidos para o embarque, você se lembra? E das nossas
farinhadas?”. Me lembro sim, João. Creio que a nossa geração não deve se
esquecer dessas coisas. E você, com suas prosas e seus escritos vai continuar
contribuindo com o nosso ser caiçara; elas serão a sua imortalidade, a sua
memória que cultivaremos. Tenho certeza! Passou uns dias...Quando eu me
precatei, o João tinha deixado a camarinha e já estava na sala, onde o manacá
se misturava com o jasmim e deixava tudo perfumado.
Olá... Sabes me dizer como consigo adquirir este livro O Falar Caiçara??? Bgdo
ResponderExcluirmuniznativofilho@yahoo.com.br
O João é falecido, mas o Rizzo deve continuar morando no Taquaral. Eu comprei direto com eles na época. Outro que tem um livro nessa linha é o Peter, do blog canoadepau.blogspot.com. Entra em contato com ele.
ResponderExcluirOpa...do Peter Nemeth eu tenho... Bgdo. Sigo na busca.
ResponderExcluirFica registrada a busca pelo material...caso alguém possa dar alguma informação. Agradecido.
ResponderExcluirmuniznativofilho@yahoo.com.br