Rio Acaraú em esgoto (Arquivo JRS) |
Aproveitando
que “no escuro todo gato é pardo”, Totonho do Rio Abaixo deixa a sua fortaleza em busca de ocasiões propícias, onde o alheio é menos vigiado e dá margens
para as suas manobras obscuras. “Tem que
ser assim. Você não concorda comigo, pastor? Devagar se vai ao morro e devagar
se vai o morro!”. Uma prosa assim,
por celular, ouvida de passagem na Esquina do Pecado, faz-me pensar na
fragilidade da continuidade deste ambiente que herdamos em Ubatuba, onde os
milhares de anos da Mãe Terra nos permitiram viver com fartura de água, de
mata, de animais silvestres e de belezas naturais. Agora, com atitudes espoliadoras,
tudo vai se perdendo. Tristeza é admirar
as obras que crescem onde era o jundu e ver as sombras dos prédios, os lixos e os esgotos tomarem as
praias”. Isto resultará no nosso
fim, confirmando as palavras do índio americano, do Cacique Seattle, em 1855: “Tudo o que acontecer à Terra, acontecerá
aos filhos da Terra”. Se continuar desse jeito, promovendo tais escaramuças
contra a natureza, terei de arranjar outra internação para o Totonho. "Das pequenas más ações nascem as grandes corrupções".
Para
quem não tem acompanhado a história: na última situação, ao ver um sofá na
beira da estrada, Totonho surtou porque
dizia que aquela peça foi protagonista de seus momentos amorosos com “Militona”.
Teve de ser internado e esteve aos cuidados do "Doutor Fraude". Agora, de volta
ao lar, nem passado uma semana, ele voltou a “pisar na bola”, a fazer coisas
que não são favoráveis à sua saúde mental, agravando a sua miséria cultural. Coitado
de Totonho!
Vovô
Armiro nos ensinava que saporé é doença causado por um bicho e faz perder o mandiocal
se não for cuidado. E arrematava a lição: “Praga tem cura, mas é preciso se
empenhar para achar o que está na raiz, causando a praga”. E a gente, caiçaras
dependentes desse valioso tubérculo, digo raiz, se esmerava em dar um fim ao
bolor branco que apodrecia as bases das vistosas plantas, comprometendo a nossa
produção de farinha (e o nosso pirão, lógico!). Neste princípio, me propus a
colaborar num plano do "Doutor Fraude" para a cura de Totonho. Hei de localizar a
praga em sua raiz! Então... Totonho, na tarimba (cama de pau duro que substitui
muito bem o divã), começou falando da “Militona”:
“Ela é aposentada como policial, mas tem
esse apelido desde nova, quando era uma militante de tantas causas. Mas 'Militona' passou a ser ‘Militona’ mesmo, de fato, na época do Sarney. Ela foi
Fiscal do Sarney! Sabe daquelas pessoas que saíam pelos estabelecimentos
comerciais vendo se os preços seguiam ou não seguiam a tabela do governo
federal? Pois é! Foi quando a filha do Velho Cosme passou a se chamar assim. E
ela gosta! Daquele tempo vem o nosso namoro. Oficialmente a gente acabou com
tudo: ela se casou... eu me casei... mas... você sabe... a carne é fraca... A
gente se encontra de vez em quando. Coitado do meu caminhãozinho naquele mundão de areia!”.
Estou
cismando que encontrei uma boa pista, um “carreiro bom”. É aguardar pra ver!
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