A minha árvore (Arquivo JRS) |
Em
outra ocasião eu já escrevi a respeito daquilo que todo mundo já sabe:
ocupações desordenadas. O nome já diz tudo: está acontecendo fora de ordem.
Onde? Na nossa Mata Atlântica, que mais parece terra de ninguém. Um menino
disse assim: “O meu tio marcou um lote lá
pra ele. Tem bastante gente ocupando aquele morro. Até o dono do mercado cercou
uma área lá. Tem outras pessoas que são de fora. Dizem de um homem que já
cercou tudo e logo vai construir, que é de Jacareí e é advogado”. Será? Eu não duvido!
Um
colega de trabalho acabou de dar a notícia que o governo federal, “o Temer cedeu uma área muito grande na
Amazônia para os estrangeiros extraírem metais preciosos, mas que garantiram
que não vão desmatar mais do que está estipulado no acordo”. Outro
trabalhador da empreiteira que abre estrada na Serra do Mar, em Caraguatatuba,
está horrorizado pelos estragos que estão fazendo na mata: “Muitos bichos estão morrendo pelas derrubadas e pelas máquinas e
caminhões. Na represa de Paraibuna, na construção da ponte, peixes estão
morrendo devido ao óleo que vai parar na água”. O governo do Estado de São
Paulo, há mais de década move um processo de desmanche da política ambiental
preservacionista, de pesquisa etc. São notórias as ruínas na Estação Experimental
do Horto Florestal, em Ubatuba. Nem os amigos do governador, de passagem pela
rodovia Oswaldo Cruz, podem negar. Quer parar lá e ver o estado do salão que
era nobre até os primeiros anos deste século? E o que dizer do núcleo da Mata
Atlântica, onde em 2005, com orientação do Douglas, recebi maravilhosas aulas a
respeito do ecossistema que nos rodeia e é a nossa maior riqueza? Agora é só
ruínas.
Enfim,
aqueles pontos de fumaça no morro, não longe da minha casa, são desdobramentos
de omissões e descompromissos que começam na esfera federal, cresce na estadual
e se multiplica na municipal. Disse a Dona Senhorinha: “Fui reclamar no
destacamento na semana passada. Quem me atendeu disse que é quem é dono daquele
terreno é que precisa denunciar as queimadas e as ocupações”. Ou seja, não
atendeu alguém que queria exercer a cidadania. Deve ter pensado: “Ah! Isso é
coisa boba”. E agora, meu povo?